“O marketing tem vindo a adaptar-se, mostrando a importância no crescimento do negócio”

Nuno Filipe Miranda, diretor de Marketing, Comunicação, Parcerias e Publicidade da ELEVEN.
03 de Maio de 2021 às 10:24

Começou com uma aprendizagem de muitos cursos técnicos e práticos a nível gráfico, media e tecnológico. Seguiu-se a licenciatura em Cinema, TV e Comunicação Multimédia.

Desenvolveu todo o seu know-how do serviço unidirecional e depois bidirecional do serviço de banda larga e do serviço cabo/satélite na TV através do antigo operador de telecomunicações ZON. Teve a oportunidade de desenvolver e construir uma pequena equipa de conteúdos com foco total no cliente para a área de marketing digital e para a operação de customer care com fantásticos resultados.

Deu um salto para uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a Samsung, na qual foi desafiado dentro do marketing para criar a área de Conteúdos, Serviços, Parcerias B2B2C e New Media. Era uma área de suporte ao core business da empresa, mobile e TV. Foi o "boom" das aplicações, dos serviços de música, vídeo, livros e o início das smart TV Deu-se o início da convergência de conteúdos multiplataforma, da inovação dos maiores produtos tecnológicos do mercado, da evolução e approach às maiores empresas tecnológicas de Portugal para desenvolverem soluções tecnológicas e alternativas aos canais de comunicação tradicionais.

No seu último ano na empresa, estava a nascer a área de Customer Data Driven Marketing, que englobou a equipa de conteúdos que criava as campanhas de lançamento nos canais digitais dos produtos flagships TV e mobile.

Há quase três anos, Nuno Filipe Miranda assumiu a direção de Marketing, Comunicação, Parcerias e Publicidade, da ELEVEN, naquele que considera ser o maior desafio da sua carreira, tendo em conta que integrou uma start-up com meia dúzia de pessoas, com tudo para fazer, sem processos, sem uma base sólida, mas com uma enorme vontade de construir um caminho que o mercado não tinha visto até à altura.

 

Porquê a opção profissional pelo marketing?

Sem me aperceber, a força das palavras, o gosto pelo design e ilustração, o desporto, o cinema, a arte, a publicidade e a tecnologia levaram-me a interessar sobre como as coisas eram feitas, comunicadas e a questionar sempre o porquê. A paixão pelos produtos, muitos deles tecnológicos, que idolatrava na minha juventude, e pelos detalhes como eram trabalhados desde logo, packaging, campanhas até à exposição em loja, foram tomando conta de mim de forma indireta.

Sempre tive uma veia criativa e um enorme prazer em fazer, criar e lançar e esperar a reação das pessoas, fosse numa música, fotografia, filme e mediante esse feedback fazer tudo novamente, desenhar outros caminhos, etc.

O grande ecrã de casa era a caixa mágica suportada pelo VHS que permitia aceder da forma possível ao mundo da publicidade. A chegada da internet e todo este novo mundo através do pequeno ecrã permitiram acelerar e desenvolver a minha veia tecnológica e criativa. A partir daí, foi um atalho.

 

Que mudanças verificadas no marketing nos últimos tempos merecem destaque?

O marketing tem vindo a adaptar-se década após década, mostrando cada vez mais a sua importância no crescimento do negócio das empresas, bem como no seu posicionamento perante a humanidade.

De enaltecer a época e o papel dos Mad Men até ao aparecimento e revolução da internet; de seguida a evolução tecnológica permitiu às marcas focarem-se nos clientes, nos seus hábitos, consumos e comportamentos até à transformação digital do dia corrente, permitindo ao marketing ramificar-se e solidificar-se em novas áreas de atuação em que a relevância e a humanização parecem estar a desenvolver-se de forma exponencial através de novos eixos, permitindo a bidirecionalidade e personalização na comunicação, na ligação e influência para com as pessoas.

 

Quais os principais desafios que o marketing enfrenta?

Ao longo da história, todas as barreiras que o marketing tem encontrado pela frente têm sido superadas sempre com oportunidades, tornando quase sempre o consumidor num vencedor final.

Enquanto ciência, o marketing não deve ser em momento algum descurado enquanto arte de seduzir e convencer, em que a fórmula da criatividade deverá sempre prevalecer perante todos os desafios que necessite resolver para ter alguma atenção no final do dia.

Mas a velocidade tecnológica que o ser humano tem imposto diariamente, a quantidade de informação gerada por cada passo que damos, a diminuição dos investimentos na arte de comunicar pela perfeição do produto final, a sustentabilidade à volta das causas por um mundo social melhor, a socialização digital e a influência humana são premissas de uma transformação condicionada que esta ciência precisa de se adaptar e moldar para continuar a ser entendida, seguida e idolatrada.

Posto isto, caberá ao ser humano, e não à ciência, agilidade, adaptação e inovação para continuar sob todas as condições possíveis de criar e comunicar criativamente da melhor maneira.

 

Quais as tendências que irão marcar o futuro?

Quero acreditar que as tendências do chamado futuro já fazem parte da atualidade, sejam elas tecnológicas, sociais, ambientais, comportamentais e/ou psicológicas. Esta autoestrada incidirá na melhoria contínua à volta do ser humano e do universo.

Todas estas tendências têm em comum a "data", em que o marketing tenderá a prestar toda a atenção, absorver e procurar formas de as interligar para construir a sua narrativa. Quem tiver mais agilidade e inteligência em perceber, com base nestes comportamentos, como trabalhar todos estes elos em conjunto sairá destacado.

 

Quais as características de um bom marketeer?

Não sou a favor de "role models", nem acredito que existam. A meu ver, o ser humano deve procurar, durante o seu percurso pessoal e profissional, mediante o meio onde esteja inserido, diferentes formas de se inspirar, desenvolver a cognição criativa, ter um mindset de constante melhoria e inovação, sempre sob uma dedicada equação analítica, seja na leitura comportamental do ser humano ou na sociedade, com o objetivo de criar uma narrativa assente em valores e de forte relevância.

 

Qual a campanha que mais prazer lhe deu fazer?

Tive a sorte e a oportunidade de estar com as pessoas certas e de fazer campanhas locais que foram world #1st tanto em inovação como posicionamento de marca, como o 1º jogo de futebol em 4k, o 1º jogo de futebol entre FCP x SLB em realidade virtual, bem como a transformação digital do Museu CR7, tirando partido da tecnologia em realidade aumentada e proporcionando uma experiência inesquecível ao consumidor final.

Contudo, não posso deixar de partilhar que a campanha que me está a dar maior prazer é sem dúvida a de construir uma marca local de raiz como a Eleven, e em tão pouco tempo estar no top of mind de quem gosta de desporto e ser reconhecido pelo mercado como o melhor canal desportivo. Tem sido sem dúvida o meu maior desafio e no qual acredito que não vai ficar por aqui.

 

Qual a campanha de que mais gostou, não sua, nacional ou internacional?

A campanha da LG Portugal com um dos melhores vídeos feitos em Portugal, "Momentos" de Nuno Rocha. A internacional, a campanha do 30.º aniversário da Nike "Dream Crazy" galardoada com um Emmy.

 

Que conselho deixa para quem começa a trabalhar nesta área?

Acho que os conselhos devem ser atualizados com o tempo e ajustados pelos ciclos de vida e experiência. A minha recomendação assenta numa base que tenho trazido de algum tempo para cá, e que está em saber interpretar, aprender a ouvir, procurar fazer, não desanimar nunca na rejeição ou no errar e garantir ser o melhor onde estiver e no que estiver a fazer.

Acordar e sorrir todos os dias por saber que se vai tentar mudar o mundo naquele local de trabalho, mesmo numa pequena fração.