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Portugal vitivinícola: Pequenos, mas bons

Produto diferenciado e homogéneo, que não desiluda. É assim que o vinho português se quer mostrar ao mundo. E já começa a conquistá-lo. Mesmo não tendo grandes quantidades.

06 de Dezembro de 2016 às 11:46
Inês Gomes Lourenço
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Portugal não pode concorrer com os grandes países produtores de vinho em quantidade, mas pode fazê-lo em qualidade. É assim que o sector olhar para o Portugal vitivinícola que tem conquistado novos mercados e consumidores.

Portugal pesa menos de 2% da produção mundial. O consumo interno tem-se mantido estável, mas a capacidade de colocação nos mercados externos tem crescido. O que, aliás, resulta numa quota mundial de comércio para Portugal superior à fatia que detém na produção.

Os agentes do sector acreditam que a imagem de Portugal mudou na última década. Portugal já não é só vinho do Porto ou da Madeira. Até já se exporta mais vinho tranquilo do que fortificado.

Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, lembra que a vinha portuguesa começou a sua reconversão na década de 1980 e 1990, o que o leva a dizer que o país acaba por ser, por isso, um mercado novo. "Começámos mais tarde e aprendemos com os outros", acrescenta, concluindo que "temos tido um percurso interessante e temos razões para encarar com optimismo o futuro". Afinal todos os protagonistas do "think tank" sobre vinhos realizado pelo Negócios e Banco Popular concordam: já não há em Portugal mau vinho. "É uma compra segura."

Mário Sérgio Nuno, proprietário da Quinta das Bageiras, da Bairrada, concorda que Portugal não pode concorrer pela dimensão. "A imagem é muito mais importante", diz, dando como exemplo o vinho francês Romanée-Conti que tem uma área de "apenas" 1,81 hectares, mas tem "dimensão para o mundo inteiro". O caminho vai sendo feito. Nos Estados Unidos, Portugal teve 2% de vinhos em prova pela Wine Spectator e teve 12% desses vinhos com a classificação "outstanding".

Francisco Bento dos Santos, da Quinta do Monte d'Oiro, acredita, no entanto, que continua a haver défice na oferta nacional e deixa o desafio aos grandes "players": criar uma marca "umbrella" que dê escala ao vinho português. Uma estratégia que não é consensual. Para o espanhol, Juan Manuel Bellver, da Lavinia, Portugal "não é um país de volume. Prefiro pensar num modelo mais próximo do de Itália, de microdenominações, cada uma com as suas castas e personalidades", diz aquele que se considera fanático da cultura, gastronomia e vinho nacional.

Tome nota

Os prós e os contras do sector vitivinícola 

Há fragilidades e ameaças no sector da vinha e do vinho, algumas são extensíveis a todos os sectores de actividade, como a burocracia e a instabilidade fiscal.

Forças

Diferenciação

Apesar de ter uma dimensão reduzida, a diferenciação é uma aposta.

Qualidade

Portugal já não tem vinho mau, acreditam os agentes.

Castas autóctones

Em Portugal, existem muitas variedades de castas. Mais do que em Itália.

Fraquezas

Dimensão

Portugal não concorrerá em quantidade, devido às superfícies pequenas.

Conhecimento dos mercados

Há um défice de conhecimento dos mercados externos.

Organização

Falta de conhecimento internacional de algumas castas e regiões.

Ameaças

Qualificação

Há défice em Portugal de formação em comércio internacional.

Burocracias

Não é específico deste sector e acaba por ser uma queixa recorrente.

Dimensão

Portugal tem de concorrer sempre na diversificação e não na quantidade.

Oportunidades

Qualidade e imagem

O que produz, produz com qualidade. E isso começa a passar para a imagem.

Conhecimento das castas

Há ainda muito por descobrir sobre as castas autóctones nacionais.

Saúde financeira média do sector

Empresas têm baixos níveis de endividamento e rentabilidade a subir. 

Protagonistas

Quem esteve no "think tank" sobre vinhos

Dos produtores aos vendedores. A cadeia vitivinícola esteve sentada à mesa deste "think tank".

Portugal vitivinícola: Pequenos, mas bons

Francisco Bento dos Santos

Director-geral da Quinta do Monte D'Oiro

Portugal vitivinícola: Pequenos, mas bons

Jorge Monteiro

Presidente ViniPortugal

Portugal vitivinícola: Pequenos, mas bons

Juan Manuel Bellver

Director-geral da Lavinia

Portugal vitivinícola: Pequenos, mas bons

Mário Sérgio Nuno

Proprietário Quinta das Bageiras

Portugal vitivinícola: Pequenos, mas bons

Administrador do Banco Popular Portugal

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