Nunca numa só semana se retirou tanto dinheiro da dívida italiana

Durante a semana passada, o movimento de vendas de activos italianos retirou do mercado mais de cinco mil milhões de euros em posições nos futuros das obrigações soberanas do país, o máximo de sempre numa semana. Tudo à conta dos receios em torno dos riscos trazidos por um novo governo de coligação anti-europeísta.
Bolsa Milão Itália
Staton R Winter/Bloomberg
Carla Pedro 23 de Maio de 2018 às 17:47

Os receios em torno de um potencial governo em Itália liderado pelos partidos Movimento 5 Estrelas e Liga têm estado a penalizar fortemente as acções e as obrigações do país. A ponto de, na semana passada, terem desaparecido do mercado obrigacionista 5,4 mil milhões de euros, um valor nunca antes visto numa só semana, de acordo com os dados da Bloomberg.

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O programa acordado entre o 5 Estrelas e a Liga poderá custar 100 mil milhões de dólares por ano, segundo alguns analistas, e revelar-se incompatível com as regras europeias. Isto num país que se debate com um elevado montante de crédito malparado no sector financeiro e um dos maiores níveis de endividamento da Zona Euro.   

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Com efeito, o programa anti-europeísta dos dois partidos italianos que negociaram a formação de um governo desagradou aos investidores, que têm estado a desfazer-se de acções e dívida soberana transalpinas.

 

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A coligação entre o 5 Estrelas, liderado por Luigi Di Maio, e a Liga, encabeçada por Matteo Salvini, causou apreensão em Bruxelas, com os líderes da Zona Euro a verem esta solução governativa como o cenário mais disruptivo na política italiana. E isso teve efeitos sobre o investimento em activos italianos, com os líderes dos dois partidos a verem este desinvestimento como uma forma de chantagem.

 

Os juros da dívida italiana com vencimento a 10 anos têm subido fortemente à conta desta incerteza política. Hoje, no dia em que se espera que o presidente italiano Sergio Mattarella mandate como primeiro-primeiro Giuseppe Conte, o professor de direito que foi proposto pelo 5 Estrelas e pela Liga, as "yields" continuaram a disparar.

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A "yield" associada às obrigações italianas a 10 anos subia 7,2 pontos para 2,401% ao final da tarde, depois de já ter tocado nos 2,430%, o valor mais alto desde 29 de Junho de 2015. 

 

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