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Desconstruir os mitos sobre os nativos digitais: a televisão ainda reina na Geração TikTok

Promovido pela IPG Mediabrands, o estudo “Alphaverso: Descodificando a Geração do Futuro” analisa os nascidos entre 2010 e 2024 para perceber tendências de consumo e comportamento digital.

21 de Julho de 2025 às 10:00
Catarina Lorena, Audience Insights manager da IPG Mediabrands
Catarina Lorena, Audience Insights manager da IPG Mediabrands CStudio

São os verdadeiros nativos digitais. Nascida entre 2010 e 2024, a Geração Alpha é a primeira a crescer num ambiente digital. E isso torna-a absolutamente única. Habituados a que tudo esteja apenas a um clique de distância, os seus comportamentos e desejos vão ser moldados por esse acesso constante às novas tecnologias. Foi com esta premissa em mente que se realizou, no passado dia 10 de julho, a quarta talk do “Media Trends: What’s Next?”.

Promovida pela IPG MediaBrands, sob o tema “Alphaverso: Descodificando a Geração do Futuro”, a conferência, que quis pensar o modo como esta geração se relaciona com o mundo e que oportunidades e desafios existem para as marcas neste ambiente teve por base o estudo homónimo, realizado pela IPG MediaBrands. E foi precisamente esse estudo que Catarina Lorena, Audience Insights manager da IPG Mediabrands, veio apresentar. “Alphaverso: Descodificando a Geração do Futuro” analisou atentamente centenas de crianças para perceber o que as move, o que lhes interessa, quais os meios tecnológicos que dominam – e os que desejam ter e dominar. Em que universo habitam? Como chegar a elas? “Quando falamos da Geração Alpha, falamos de crianças até aos 15 anos – e são cerca de 1,5 milhões a residir em Portugal. Crianças que têm características muito diferentes das de gerações anteriores”, diz Catarina Lorena.

Esta geração “nasceu, cresceu e domina a área digital como mais ninguém até agora. Passaram pela covid numa altura em que eram muito pequenos, o que impactou muito a forma de se relacionarem não só com tecnologias, mas uns com os outros, com os pais, os adultos...”, continua a responsável pelo estudo na IPG Mediabrands. “Todos sentimos que sabemos algo sobre esta geração, até porque temos vários ‘alphas’ à nossa volta. Ou achamos que sabemos”, disse Catarina Lorena, mostrando vídeos de conversas com algumas destas crianças, nos quais falam sobre a forma como se relacionam com os vários tipos de ecrãs, que conteúdos consomem e em que plataformas. “De tanto os ouvirmos, criamos certezas. Mas nem sempre essas certezas estão certas”, avança a responsável da IPG Mediabrands, lembrando frases batidas que já todos ouvimos uma e outra vez: ‘Eles já não veem televisão’; ‘Só querem ver vídeos no TikTok’; ‘No 1.º ciclo já todos têm telemóvel’.” Mas serão estas verdades inabaláveis? Serão os alphas que nos rodeiam representativos perfeitos da sua geração?

A televisão tem uma penetração elevadíssima junto das crianças, com a grande maioria a ver televisão pelo menos uma vez por semana. E apenas 57% das crianças entre os 6 e os 14 anos têm telemóvel próprio, sendo que no 1º ciclo apenas 24% têm telemóvel" Catarina Lorena, Insights manager da IPG Mediabrands

Diagnóstico de uma geração

Para Catarina Lorena, antes de tirar conclusões é preciso estudar de forma aprofundada a Geração Alpha. “As tecnologias fazem e vão continuar a fazer parte da vida das crianças. E nós, na IPG Mediabrands, sentimos a necessidade de perceber de forma mais exata e representativa qual vai ser o papel destas tecnologias e o que é que isto significa. Foi por isso que apostámos neste projeto que tem por objetivo perceber como é que as crianças se relacionam não só com os diferentes meios e tecnologias, mas também qual o seu papel nas suas vidas, o que lhes interessa e como podemos chegar até elas.”

Para analisar tudo isto, explica, foram medidos quatro tópicos: as rotinas das crianças (o que fazem, como, quais as rotinas familiares, quais as suas preferências e brincadeiras), os equipamentos e meios que usam (como utilizam, que regras existem em casa, de que é que as crianças gostam mais), os conteúdos que consomem e, finalmente, o papel da publicidade junto dos mais novos. Para o fazer, a agência, que trabalhou em conjunto com a Ipsos para a recolha de dados, optou por fazer uma abordagem holística, com uma primeira fase qualitativa, na qual entrevistaram 24 crianças e os seus pais, foram às suas casas, conheceram a fundo o seu dia a dia, procedendo, depois, a uma fase quantitativa, na qual entrevistaram 600 crianças e os seus pais sobre tudo aquilo que se considerou relevante (o que existe em casa, regras sobre a utilização, perceber de que é que as crianças gostam e o que valorizam).

Catarina Lorena, Audience Insights manager da IPG Mediabrands
Andreia Semedo, Head of Strategy da Universal McCann CStudio

Segmentar e conquistar

E porque nem todas as crianças são iguais, foi preciso segmentá-las. E a divisão não se limitou ao género ou grupo etário. “Chegámos a cinco segmentos: dois com crianças mais velhas, os socializers e os theme enthusiasts, que utilizam muito as tecnologias, num contexto de grupo e partilha, as creatives, crianças que também usam muito as tecnologias, mas de forma mais individual e com menos frequência, onde se destacam as meninas mais novas, os thrill seekers, geralmente rapazes mais novos que utilizam bastante as novas tecnologias para jogar, e os disconnected (apenas 3%), crianças que não têm grande relação com as tecnologias no seu dia a dia”, avança Catarina Lorena. E mais: é que se há segmentação de crianças, também há segmentação de pais, que se dividem em três segmentos: os controllers (34%), que deixam os filhos usar as tecnologias, mas consideram fundamental controlar o que lá fazem, os permissive (14%), que deixam os filhos usar as tecnologias desde que cumpram as suas obrigações e, por fim, os balancers (52%), que tentam ser mais moderados.

“O grupo mais controlador é aquele em que os pais são mais novos, ao contrário dos mais permissivos, que são pais mais velhos, da Geração X. E se juntarmos a posição dos pais e a posição das crianças descobrimos que há uma relação: os pais mais permissivos têm tendência a ter mais crianças socializers, os pais mais controladores têm tendência para terem crianças no grupo das creatives.”

A televisão ainda domina

E quanto aos mitos? Mantêm-se depois de olhar para os resultados do estudo? É mesmo verdade que as crianças não veem televisão? E que todas as crianças a partir do 1.º ciclo têm telemóvel? “Percebemos que não é bem assim. A televisão tem uma penetração elevadíssima junto das crianças, com a grande maioria a ver televisão pelo menos uma vez por semana. E apenas 57% das crianças entre os 6 e os 14 anos têm telemóvel próprio, sendo que no 1.º ciclo apenas 24% têm telemóvel.”

Contas feitas, salienta Catarina Lorena, televisão e telemóvel dominam as preferências: “Se a televisão se destaca pela cobertura, pela partilha e por fazer ainda parte das rotinas familiares, o telemóvel destaca- -se pelo desejo que suscita nas crianças, que começam a ter autonomia para o utilizar habitualmente apenas a partir dos 10 anos, quando vão para o 5.º ano.” Mas há mais conclusões a tirar do estudo: “Vemos que 98% das crianças utilizam, pelo menos, um tipo de ecrã regularmente. E utilizam-no especialmente quando estão em casa, sobretudo ao fim de semana e nas férias.”

80% já experimentaram o YouTube

E o TikTok, é assim tão relevante? Segundo Catarina Lorena "apenas 41% das crianças utilizam redes sociais (e, entre os 6 e os 10 anos, apenas 20%). E se 80% das crianças já experimentaram usar o YouTube, apenas 47% experimentaram o TikTok.” Ao falar deste tipo de redes, diz, o YouTube é a mais utilizada, o TikTok é a mais desejada e o WhatsApp é a mais útil. 

E quando nos afastamos das tecnologias e olhamos para um espectro mais alargado, refere Catarina Lorena, percebemos que o telemóvel é apenas um fator no meio de tantas coisas que as crianças desejam. Quando questionadas, dizem querer conhecer o Cristiano Ronaldo e a Taylor Swift, receber um telemóvel, ir à Disney, comer McDonald’s e ir a um estádio ver um jogo de futebol.

E o que gostam de fazer? Surpresa: dançar, jogar à bola, andar de bicicleta. As tecnologias também estão nas preferências, claro, mas sobretudo quando os miúdos estão sozinhos e em casa – e sem alternativas de entretenimento.

As marcas e a Geração Alpha

Reunida a informação, como é que tudo isto pode ser usado pelas marcas, num contexto de planeamento estratégico? Andreia Semedo, Head of Strategy da Universal McCann, explica: olhando para os dados percebe-se, por exemplo, que “o conceito de partilha em família não mudou, sendo a televisão o exemplo perfeito dessa partilha”. Os favoritos? Futebol, entretenimento como o Taskmaster e o Masterchef, e os canais infantis. O que podem as marcas fazer? “Responder a estes momentos de partilha com anúncios dirigidos a toda a família e não apenas às crianças ou aos adultos”, sublinhou a responsável.

O conceito de partilha em família não mudou, sendo a televisão o exemplo perfeito dessa partilha. As marcas podem responder a estes momentos com anúncios dirigidos a toda a família e não apenas às crianças ou aos adultos.  Andreia Semedo, Head of Strategy da Universal McCann

Por outro lado, é fácil ver que “estes pequenos consumidores querem desafios, jogos, partilhas de receitas, ideias para atividades que podem fazer”. E as marcas têm respondido, com conteúdos que os cativam. É que já é grande a importância da Geração Alpha para o marketing, garante Andreia Semedo. Embora pequenas, 75% destas crianças influenciam as decisões de compra familiares. São perfeitos influenciadores do retalho (coleções do Lidl, por exemplo) e da alimentação (como o McDonald’s). “E peças-chave para as marcas. A Geração Alpha não só já nasceu conectada como sabe o que quer e sabe convencer os pais a comprar.”

Criar experiências interativas

O digital torna-se, então, um meio que possibilita uma grande proximidade com os mais novos. Mas as marcas têm de criar experiências interativas (como jogos, vídeos ou apps) que consigam cativar e educar os mais novos para conseguir entrar neste seu universo. Como? Entrando nos seus mundos. E aqui nada como voltar a olhar para a segmentação que o estudo encontrou. “Se temos os thrill seekers a jogar Roblox, então as marcas têm de estar no Roblox: a Nike, a Adidas, a Vans, estão presentes. No caso dos theme enthusiasts, as marcas têm de fazer parcerias com os temas que lhes interessam: o Burger King criou um menu Stranger Things e o KFC um menu Squid Game, por exemplo.

No que toca aos creatives, nada como uma parceria com o Minecraft – a C&A, o McDonald’s e a Panini são algumas das marcas que aproveitaram a boleia do filme para essas parcerias. Os socializers adoram a Taylor Swift: a Lego criou uma edição de pulseiras especial para as fãs.” É preciso estar atento, seguir as tendências, perceber o que querem. E a inteligência artificial? “Não pode ser ignorada. O KFC usou-a para criar um post sobre um hipotético menu inspirado nos Brainrots. Foi uma loucura e não existia: era apenas um post gerado em IA”, diz Andreia Semedo.

Conquistar o adulto de amanhã

E se, por um lado, vemos as crianças a entrar cada vez mais cedo no mundo dos adultos – e as marcas a responderem, como no caso da Sephora, que promove linhas de skincare para os mais novos – também vemos os adultos a viver o saudosismo da infância – e as marcas a criar edições viradas para os pais, da Lego à Barbie, passando pela Hot Wheels. “Quem conquistar a criança de hoje conquista o adulto de amanhã”, salienta Andreia Semedo. “O futuro é muito incerto, mas há uma oportunidade e um foco que as marcas têm de ter: têm de ser relevantes, encontrar o foco de interesse e estabelecer uma ligação. E essa ligação aos mais novos pode ser feita de três formas: não fugindo da tecnologia, promovendo a partilha entre adultos e crianças e voltando ao passado – passeios no parque e idas à praia. Temos de conquistar os alphas e os adultos: porque se não conquistarmos os adultos, não conquistamos as crianças.”

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