As questões ambientais e de sustentabilidade assumem uma importância cada vez maior nas decisões de investimento. A Comissão Europeia, quando apresentou as Bases da "Estratégia Europeia para uma Vaga de Renovação" e estabeleceu metas ambiciosas até 2030, colocou o setor da construção e do imobiliário e, em especial, a renovação dos edifícios, em lugar de destaque no âmbito do combate às alterações climáticas e na reorientação para um modelo de crescimento mais sustentável e competitivo.
Para Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), "neste contexto e, tendo em consideração a ambição das empresas em alcançar uma maior competitividade, produtividade e redução de custos, a Construção 4.0, a reengenharia dos processos, o BIM - Building Information Modelling, a construção "off-site" e a utilização de novos materiais, surgem como caminho natural e cada vez mais adotado, na revolução tecnológica que está em curso no caminho da sustentabilidade.
Revolução tecnológica impulsiona sustentabilidadeNa perspetiva de Gonçalo Byrne, presidente da Ordem dos Arquitetos, "a sustentabilidade é um tema da maior relevância", tendo sido eleita e como temática central do 16.º Congresso da Ordem, que se realizará no princípio de março, nos Açores, "um território com valores naturais e paisagísticos únicos no mundo". "Enquanto classe profissional, temos que ter a preocupação da sustentabilidade e, por isso, devemos mudar o foco para os processos de renovação, construção e demolição, com atenção a ecologias regionais da construção, às dinâmicas sociais e de trabalho de quem constrói, à habitabilidade e manutenção do que é construído, à produção e ao fornecimento local de materiais e aos fluxos de emissões de carbono incorporados nestes processos".
Conciliar eficiência energética e reabilitaçãoSegundo Alice Tavares, presidente da Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património – a APRUPP –, os atuais programas de apoio para a eficiência energética apresentam várias incongruências e têm fraca sustentação científica para atingirem os objetivos pretendidos de aumento da sustentabilidade. "Observamos com grande perplexidade os apoios financeiros para a substituição de elementos importantes na identidade dos edifícios, como são as caixilharias, com efeitos na descaracterização dos edifícios e perda de valor, tornando ainda os edifícios dependentes de equipamentos mecânicos importados". Na sua perspetiva "seria mais benéfico um apoio financeiro para aplicar isolamento térmico nas coberturas/telhados, do que mudar caixilharias, por exemplo. Existe muito a fazer neste âmbito, sem destruir o património edificado."