EUA financiam empresas ligadas ao processamento de terras raras

Governo norte-americano vai investir, juntamente com o setor privado, na Vulcan Elements e na ReElement Technologies, depois de ter apostado em junho na MP Materials, todas ligadas à exploração e processamento de terras raras.
terras raras
Bloomberg
Lusa 03 de Novembro de 2025 às 23:43

A Vulcan Elements, 'startup' especializada no processamento de terras raras, anunciou esta segunda-feira que o Estado norte-americano vai tornar-se acionista da empresa, numa altura em que Washington procura diminuir a dependência nestas matérias-primas relativamente à China.

A jovem empresa da Carolina do Norte fabrica ímanes potentes, componentes cruciais para muitos setores de alta tecnologia, a partir de uma liga que contém neodímio, um dos metais de terras raras.

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O acordo envolve o governo norte-americano e investidores privados, que vão injetar 550 milhões de dólares (477 milhões de euros) na Vulcan Elements, de acordo com um comunicado de imprensa.

O governo federal irá ainda libertar um empréstimo de 620 milhões de dólares e uma subvenção de 50 milhões de dólares, em troca dos quais receberá ações da Vulcan no valor equivalente a 50 milhões de dólares.

A Vulcan Elements também planeia purificar terras raras na sua fábrica no parque industrial Research Triangle Park, que faz fronteira com Durham.

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O governo vai também emprestar 80 milhões de dólares à ReElement Technologies, outra empresa norte-americana especializada na produção de elementos de terras raras prontos para processamento, que já tinha assinado um acordo de fornecimento com a Vulcan em agosto.

A operação prevê ainda que investidores privados adquiram uma participação de 80 milhões de dólares na ReElement Technologies.

Em troca da sua contribuição, o governo receberá, para além do pagamento dos seus empréstimos ao longo do tempo e das ações da Vulcan, produtos financeiros derivados, que podem ser convertidos em ações da Vulcan e da ReElement sob determinadas condições.

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"O nosso investimento na Vulcan Elements irá acelerar a produção de ímanes de terras raras nos Estados Unidos para a indústria americana", comentou o secretário do Comércio, Howard Lutnick, citado no comunicado de imprensa.

No conflito comercial com os Estados Unidos, a China tem restringido progressivamente as suas exportações de terras raras, das quais controla mais de 90% do mercado global de refinação.

Depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter ameaçado aumentar as tarifas sobre a China em 100%, os dois países chegaram a um acordo na semana passada, incluindo sobre a suspensão chinesa das restrições às terras raras.

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No domingo, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, defendeu que era necessário que os Estados Unidos "reduzissem os riscos" representados pela China em relação ao fornecimento de terras raras, encontrando fornecedores alternativos e desenvolvendo uma indústria nacional.

As terras raras --- dezassete matérias-primas descobertas no final do século XVIII na Suécia, cada uma com propriedades diferentes --- são estratégicas pela sua aplicação nas tecnologias de transição energética e eletrónica.

Em julho, o Departamento de Defesa norte-americano (Pentágono) estabeleceu uma parceria público-privada com a empresa de mineração de terras raras MP Materials, tornando-se o seu maior acionista e investindo milhares de milhões de dólares em produção.

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A empresa planeia iniciar a construção de uma segunda unidade de fabrico de ímanes assim que for identificado um local, graças a um "pacote de investimento de milhares de milhões" de dólares e um "compromisso de longo prazo" do Pentágono.

A produção, que deverá arrancar em 2028, tem como objetivo servir clientes do setor da defesa e também privados.

Isto dar-lhe-á uma capacidade total de produção de 10.000 toneladas por ano, combinada com a sua infraestrutura existente localizada em Mountain Pass (Califórnia), considerado o segundo maior local de mineração de terras raras do mundo.

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Concluída a operação, o Pentágono ficará com uma participação de 15% na MP Materials, tornando-se o seu maior acionista.

O Departamento governamental comprometeu-se ainda a pagar um preço mínimo durante dez anos pela produção de uma liga (NdPr) utilizada sobretudo em motores e geradores --- para "reduzir os riscos ligados à especulação externa no mercado" e "garantir um cash flow estável" para a empresa.

Isto também garantirá que todos os ímanes produzidos pela segunda fábrica, denominada 10X, são adquiridos no prazo de dez anos após a sua conclusão.

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