Lagarde aponta "excessiva" desigualdade como "má política económica"

A directora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, criticou, na quarta-feira, a "excessiva" desigualdade, que considerou como "má política económica" que impede um crescimento sustentável.
christine lagarde
Bloomberg
Lusa 29 de Outubro de 2015 às 07:19

"A excessiva desigualdade é simplesmente má política económica e não é positiva para o crescimento sustentável", afirmou Lagarde, numa rara conversa na Catedral Nacional de Washington com o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos Unidos Larry Summers.

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Na conversa, subordinada ao tema "Capitalismo e Moralidade: o desafio da desigualdade", Lagarde fez referência aos mais recentes estudos publicados pelo FMI, que destacam precisamente os efeitos negativos da crescente desigualdade de rendimentos, especialmente nos países mais desenvolvidos.

 

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Segundo esses estudos, a subida de um ponto percentual na quota de rendimentos da classe média e baixa traduzir-se-ia num aumento do produto interno bruto (PIB) de cerca de 0,38% em cinco anos, enquanto no caso da classe mais rica o PIB reduzir-se-ia 0,08%.

 

Diante da audiência presente na catedral, Lagarde apontou para a necessidade de uma "bússola moral" para canalizar os excessos do capitalismo.

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Neste sentido, deu o exemplo da eliminação progressiva dos subsídios de energia e realçou a importância de igualdade salarial independentemente do sexo.

 

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Summers, por seu turno, agradeceu à directora do FMI por ter levantado a voz contra a desigualdade económica "numa instituição conhecida por muitas coisas mas não especialmente pela preocupação com o bem-estar da sociedade".

 

O ex-secretário do Tesouro dos EUA aproveitou ainda para criticar o actual sistema tributário norte-americano, considerando que favorece excessivamente os rendimentos mais elevados, apesar de ter defendido, por outro lado, as conquistas do capitalismo, por ter elevado a riqueza no mundo nos últimos 30 anos, com a China e a Índia como pontas de lança.

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Por último, o também ex-presidente da Universidade de Harvard sublinhou que o foco sobre a desigualdade económica não deve olvidar-se dos atuais e crescentes desequilíbrios em matéria de saúde e educação que, em muitas ocasiões, são ocultados pelas "políticas de inveja" e "são a base do que deve ser uma sociedade com igualdade de oportunidades". 

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