Pequim planeia novas medidas contra crise imobiliária
O Governo da China está a ponderar aprovar um novo pacote de medidas para revitalizar o mercado imobiliário, afetado por uma crise prolongada, por temer a destabilização do sistema financeiro, revelou esta quinta-feira a Bloomberg.
De acordo com fontes que pediram o anonimato, citadas pela agência de notícias financeiras, Pequim poderá apoiar as hipotecas, reduzir os custos associados e aumentar os incentivos fiscais às transações de imóveis.
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Um eventual apoio às hipotecas - uma medida sem precedentes na China - poderia atrair mais compradores para o mercado imobiliário, cujos preços estão em queda há 29 meses consecutivos, quase dois anos e meio.
Um primeiro pacote de medidas, aprovado em 2024, teve um efeito positivo no setor, mas o impulso acabou por perder força.
Desde o início do ano, as vendas medidas pela área do terreno caíram 6,8% em termos homólogos, e o investimento em desenvolvimento imobiliário diminuiu 14,7%.
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A crise imobiliária, que começou no início da década, afetou a riqueza das famílias, o consumo e o emprego, resultando numa menor capacidade de pagamento de hipotecas e, por conseguinte, segundo a agência de notação financeira Fitch, num maior risco de incumprimento para os bancos.
No final de setembro, a banca chinesa detinha um valor recorde de 492 mil milhões de dólares (427,2 mil milhões de euros) em empréstimos mal parados e continuava a enfrentar uma forte pressão sobre as margens de juro.
A Bloomberg sublinha ainda que os preços --- tanto de imóveis novos como usados --- sofreram em outubro as maiores quedas no espaço de um ano.
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Isto apesar do Governo chinês ter removido restrições à compra de mais de uma casa --- introduzidas para tentar arrefecer o mercado durante os anos de expansão --- e implementado medidas de apoio, mesmo em metrópoles como Pequim e Xangai.
Face à incerteza económica e à desvalorização dos imóveis, os consumidores chineses têm optado por reduzir as dívidas. O saldo em dívida das hipotecas caiu 3,9% desde o pico histórico, atingido no início de 2023.
A Bloomberg garante que Pequim está a discutir o novo pacote de medidas desde o terceiro trimestre de 2025, mas admitiu não saber se já existe um consenso sobre as políticas específicas a implementar ou quando serão anunciadas.
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A situação financeira das empresas imobiliárias chinesas agravou-se depois da China ter, em agosto de 2020, restringido o crédito bancário para promotores que tinham acumulado elevados níveis de dívida, principalmente a Evergrande, com passivos de quase 330 mil milhões de dólares (286,5 mil milhões de euros).
Nos últimos anos, as autoridades chinesas lançaram sucessivas medidas para conter o colapso do setor imobiliário.
Os bancos estatais abriram linhas de financiamento multimilionárias, dando prioridade à conclusão de projetos cujos apartamentos já tinham sido vendidos.
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A crise no setor é apontada como uma das principais causas do abrandamento económico da China, com o peso do imobiliário no Produto Interno Bruto (PIB), incluindo os efeitos indiretos, estimado em cerca de 30%, segundo analistas.
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