"Público" regressou a "uma interessantíssima agenda jornalística"

O primeiro-ministro enviou esta manhã uma carta à direcção do "Público" em que acusa o jornal de ter desistido de fazer um "jornalismo de referência" e de ter regressado a uma "interessantíssima agenda jornalística" que o envolve em situações já esclarecidas no passado.
Eva Gaspar 05 de Abril de 2010 às 12:59

“Prosseguindo a sua interessantíssima agenda jornalística, o ‘Público’ regressa, de novo, ao final da década de 80, há mais de vinte anos, e aos projectos de minha autoria na Câmara Municipal da Guarda”, começa a carta endereçada à directora do jornal, como "nota de esclarecimento" e enviada às redacções.

Nela, o primeiro-ministro “reafirma” o que já várias vezes diz ter respondido ao “Público”: “Os projectos que refere na edição de hoje são da minha responsabilidade, foram elaborados a pedido de amigos e sem que eu tenha auferido qualquer tipo de remuneração”.

PUB

O “Público” noticia hoje que José Sócrates assinou pelo menos 21 projectos de engenharia enquanto recebia o subsídio de exclusividade no Parlamento, referindo que esse regime o impedia de desempenhar outras funções, independentemente de serem ou não remuneradas.

Já José Sócrates sublinha o facto de nunca ter sido pago para concluir da legalidade da sua actuação. “Repito: sem auferir qualquer remuneração, em conformidade, portanto, com as normas legais de exclusividade em vigor”, frisa.

Em resposta ao jornal, que escreve ainda que os últimos cinco anos de José Sócrates como projectista de edifícios na Guarda, entre 1987 e 1991, ficaram marcados por duas repreensões por unanimidade, ameaças de sanções legais e severas críticas dos serviços camarários, o primeiro-ministro garante ainda que “sempre” cumpriu todos os seus deveres e exigências profissionais.

PUB

E garante que o fez "mesmo em caso de divergências ou discordâncias, que são próprias desta actividade, com as entidades administrativas competentes na apreciação e aprovação de projectos”.

Em tom de desafio, o primeiro-ministro escreve ainda que “reitera” o convite que já há dois anos fez ao “Público”. “ Este é talvez o momento para revisitarem as décadas de 70 e 60, período da minha juventude, onde não deixarão de encontrar uma qualquer história que, à luz dos vossos exigentíssimos critérios, vos permita continuar a fazer manchetes como a de hoje, que só confirma a opção do ‘Público’ por uma linha editorial que desistiu da ambição de um jornalismo de referência”.

Remata com “cumprimentos” endereçados à directora, Bárbara Reis, que sucedeu em Novembro a José Manuel Fernandes.

PUB

Pub
Pub
Pub