A Europa foi a Davos, mas passou ao lado do que de mais central foi discutido.
Aqui ao lado, Pedro Sánchez não se inibe de usar o trunfo das empresas para vender uma economia que, por sinal, não tem crescido assim tanto quanto quer fazer crer.
Faz sentido olhar para uma concessão que claramente aparenta não ter investidores?
Quando se começam a discutir salários adequados para as funções mais qualificadas do Estado? Ou vamos continuar a queixar-nos do excesso de aparelho político sem nada fazer para o contrariar?
As margens são essenciais à saúde de todas as empresas, a ganância pode contudo arrastar-nos a todos para um cenário de inflação prolongada que ninguém deseja.
Nos últimos sete anos de governação, o PS assumiu a lógica de captura do aparelho de Estado com nomeações e escolhas políticas que condicionaram, de uma forma ou de outra, o exercício dos cargos de governação e o papel de regulação e fiscalização das muitas entidades públicas que deviam desempenhar um trabalho independente.
Dois sinais que podem dar esperança para um arranque de 2023 menos agitado: fechar com rapidez – porque sucesso é difícil antever – o dossiê da Efacec, agora que sabemos haver menos um interessado na corrida e não hesitar na reprivatização da TAP.
O novo ano trará mais uma remodelação governamental e desta vez é essencial não falhar, até porque é a autoridade política de António Costa que está em xeque.
A indemnização de 500 mil euros paga pela TAP à agora secretária de Estado do Tesouro, mais do que um problema legal que já se percebeu inexistir, deixa-nos desconfortável depois do “muito dinheiro” que os portugueses lá têm investido.
Esperemos que a recessão não chegue, que o emprego se mantenha sólido e que os portugueses mantenham a clareza de se ajustar atempadamente aos ventos de maior turbulência. Já deram bons exemplos no passado de como podem ser exemplares, Governo e instituições percebam também os desafios da encruzilhada.
Os tempos adversos com que nos confrontamos vão exigir de todos alguns sacrifícios e perseverança, obrigarão a ajustamentos financeiros e tenderão, se não se tiver cuidado, a agravar assimetrias.