Teodora Cardoso: "Verdadeiro teste" para a recuperação económica "vem depois"
"Uma coisa há em comum com as crises anteriores: o verdadeiro teste vem depois, e pela forma como nos mantemos a par", afirmou a antiga presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP), durante a conferência 'Portugal, reforma e crescimento na zona euro', que decorre hoje no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
PUB
"Isto está relacionado, em parte, com os caminhos e meios que usamos para as recuperações. Sempre foram apoiados em políticas macroeconómicas e muito menos em políticas estruturais", considerou.
Teodora Cardoso assinalou que, no caso desta crise, Portugal sofreu "um ajustamento muito forte nas finanças públicas e algum ajustamento estrutural. Mas mesmo isto foi possível de ser revertido de algumas formas", o que levou a antiga responsável do CFP a concluir que esta tendência "ainda não foi corrigida".
PUB
"Ainda temos um longo caminho a percorrer, não em termos de políticas fiscais de curto prazo, mas em termos de alteração do modelo fiscal em si", afirmou.
PUB
Numa mesa redonda com o economista Ricardo Reis e com o chefe de missão do Fundo Monetário Internacional para Portugal, Alfredo Cuevas, o tema da produtividade da economia portuguesa também esteve em debate.
Para Teodora Cardoso, o destaque deve colocar-se "em medidas estruturais que aumentem a produtividade", "medidas demográficas" e de "gestão das finanças públicas".
PUB
A economista classifica a demografia portuguesa de "muito desfavorável", uma vez que "a população ativa está a diminuir".
PUB
Relativamente às finanças públicas, a antiga responsável do CFP apela à "melhoria da gestão no setor público", especialmente "em termos de ganhos de eficiência" que requerem "diferentes tipos de gestão e dados".
Já Ricardo Reis, professor na London School of Economics, defendeu que os ganhos na produtividade "vêm da abertura à concorrência internacional", através de "empresas concentradas em mercados globais", e apelidou a economia portuguesa de ainda "relativamente fechada".
PUB
O economista português esperava que o país tivesse ressurgido "mais forte" na cena económica internacional, mas relevou o "extremamente vencedor" mercado imobiliário e arrendamento, o "disparar das exportações" e a "alocação de capital para setores mais produtivos" como principais características da recuperação económica nacional.
PUB
Alfredo Cuevas, chefe de missão do FMI para Portugal, considerou que a recuperação económica portuguesa foi "sobretudo cíclica", mas salientou "algum interesse no investimento que não existia antes", o "crescimento no setor do turismo" e algum aumento "no grau de qualificações" dos trabalhadores.
Saber mais sobre...
Saber mais presidente do Conselho das Finanças Públicas Ricardo Reis London School of Economics Teodora Cardoso Alfredo CuevasAdam Smith aos 250 anos
Quem pediu o euro digital?
Mais lidas
O Negócios recomenda