Portugal perde 400 milhões em investimento direto estrangeiro no primeiro semestre

Redução da dívida de empresas face a outras entidades do mesmo grupo que estão sediadas noutro país prejudicou investimento em Portugal. Maior queda deu-se ao forte desinvestimento de Espanha no país. Em sentido contrário, o investimento direto de Portugal no exterior totalizou 2,6 mil milhões.
Transferências de investidores estrangeiros para Portugal diminuíram entre janeiro e junho.
Jan Woitas/AP
Joana Almeida 26 de Agosto de 2025 às 11:19

Portugal perdeu 400 milhões de euros em investimento direto estrangeiro (IDE) nos primeiros seis meses deste ano, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP). As transferências dos investidores estrangeiros para Portugal recuaram sobretudo devido à "redução da dívida de entidades residentes perante empresas não residentes do mesmo grupo económico".

O BdP dá conta de que essa redução da dívida de empresas a operar em Portugal face a outras entidades do mesmo grupo que estão sediadas noutro país totalizou 1,6 mil milhões de euros entre janeiro e junho, o que pressionou o total de transferências realizadas. "Esta redução é principalmente explicada por uma mudança destes passivos para a categoria funcional de 'investimento de carteira', uma vez que, segundo a metodologia estatística em vigor, se deixou de verificar uma relação de investimento direto", explica o BdP.

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A redução do IDE em Portugal deveu-se principalmente a um menor dinamismo nas transferências provenientes do continente europeu. Dessas, destacou-se a redução do investimento proveniente de Espanha (-2,1 mil milhões de euros)

Essa forte quebra no investimento de Espanha em Portugal foi, no entanto, "parcialmente compensada" pelos aumentos do investimento proveniente da Suíça (+0,8 mil milhões de euros), Estados Unidos (+0,3 mil milhões), Itália (+0,2 mil milhões) e Bélgica (+0,2 mil milhões).  

Apesar de o IDE até ter sido positivo no segundo trimestre do ano  (+0,7 mil milhões), não foi suficiente para compensar a queda (de 1 mil milhões) observada nos primeiros três meses do ano.

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Investimento direto estrangeiro em Portugal tem evolução com altos e baixos

Ainda assim, o stock de IDE em Portugal era um dos mais elevados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da União Europeia (UE) no final de 2024. Segundo o BdP, o stock representava 69% do PIB, “o que corresponde a um aumento de 37 pontos percentuais relativamente ao valor registado em 2008 (32% do PIB)”. No conjunto dos países da OCDE, o stock de IDE era de 53% do PIB e, na UE, era de 64% do PIB.

"A globalização que teve lugar nas últimas décadas contribuiu para um crescimento significativo do peso do investimento direto estrangeiro na generalidade das economias", explica o banco central ainda liderado por Mário Centeno.

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Em sentido contrário, o investimento direto de Portugal no exterior (IPE) totalizou 2,6 mil milhões de euros. O valor compara com um total de 2,4 mil milhões de euros que foram transferidos por residentes para investimento no exterior. Dessas transferências, destaca-se o investimento realizado em entidades residentes em países europeus, sobretudo em Espanha (0,7 mil milhões de euros), Países Baixos (0,7 mil milhões) e em França (0,5 mil milhões).

(Notícia atualizada às 11:38)

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