Portugal perde 400 milhões em investimento direto estrangeiro no primeiro semestre
Portugal perdeu 400 milhões de euros em investimento direto estrangeiro (IDE) nos primeiros seis meses deste ano, segundo os dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP). As transferências dos investidores estrangeiros para Portugal recuaram sobretudo devido à "redução da dívida de entidades residentes perante empresas não residentes do mesmo grupo económico".
O BdP dá conta de que essa redução da dívida de empresas a operar em Portugal face a outras entidades do mesmo grupo que estão sediadas noutro país totalizou 1,6 mil milhões de euros entre janeiro e junho, o que pressionou o total de transferências realizadas. "Esta redução é principalmente explicada por uma mudança destes passivos para a categoria funcional de 'investimento de carteira', uma vez que, segundo a metodologia estatística em vigor, se deixou de verificar uma relação de investimento direto", explica o BdP.
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A redução do IDE em Portugal deveu-se principalmente a um menor dinamismo nas transferências provenientes do continente europeu. Dessas, destacou-se a redução do investimento proveniente de Espanha (-2,1 mil milhões de euros).
Essa forte quebra no investimento de Espanha em Portugal foi, no entanto, "parcialmente compensada" pelos aumentos do investimento proveniente da Suíça (+0,8 mil milhões de euros), Estados Unidos (+0,3 mil milhões), Itália (+0,2 mil milhões) e Bélgica (+0,2 mil milhões).
Apesar de o IDE até ter sido positivo no segundo trimestre do ano (+0,7 mil milhões), não foi suficiente para compensar a queda (de 1 mil milhões) observada nos primeiros três meses do ano.
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Ainda assim, o stock de IDE em Portugal era um dos mais elevados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da União Europeia (UE) no final de 2024. Segundo o BdP, o stock representava 69% do PIB, “o que corresponde a um aumento de 37 pontos percentuais relativamente ao valor registado em 2008 (32% do PIB)”. No conjunto dos países da OCDE, o stock de IDE era de 53% do PIB e, na UE, era de 64% do PIB.
"A globalização que teve lugar nas últimas décadas contribuiu para um crescimento significativo do peso do investimento direto estrangeiro na generalidade das economias", explica o banco central ainda liderado por Mário Centeno.
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Em sentido contrário, o investimento direto de Portugal no exterior (IPE) totalizou 2,6 mil milhões de euros. O valor compara com um total de 2,4 mil milhões de euros que foram transferidos por residentes para investimento no exterior. Dessas transferências, destaca-se o investimento realizado em entidades residentes em países europeus, sobretudo em Espanha (0,7 mil milhões de euros), Países Baixos (0,7 mil milhões) e em França (0,5 mil milhões).
(Notícia atualizada às 11:38)
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