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Japão aprova estímulos de 117,5 mil milhões de euros para mitigar efeitos da inflação

Além de medidas de alívio para a inflação a curto prazo, Takaichi revelou que o novo Executivo japonês planeia impulsionar o investimento em setores-chave como a construção naval e a inteligência artificial, investimentos estratégicos que visam fortalecer o crescimento da quarta maior economia mundial.

Japão aprova estímulos de 117,5 mil milhões de euros para mitigar efeitos da inflação
Japão aprova estímulos de 117,5 mil milhões de euros para mitigar efeitos da inflação Eugene Hoshiko/AP
07:33

O governo japonês aprovou esta sexta-feira  um pacote de estímulos no valor de 21,3 biliões de ienes (cerca de 117,5 mil milhões de euros) para fazer face ao aumento do custo de vida, na primeira política económica de impacto da primeira-ministra, Sanae Takaichi.

"Implementaremos uma despesa orçamental estratégica para proteger a vida da população e construir uma economia sólida", afirmou a primeira-ministra em declarações televisivas, depois de o Gabinete ter dado "luz verde" ao pacote.

Além de medidas de alívio para a inflação a curto prazo, Takaichi revelou que o novo Executivo japonês planeia impulsionar o investimento em setores-chave como a construção naval e a inteligência artificial, investimentos estratégicos que visam fortalecer o crescimento da quarta maior economia mundial.

A governante, que assumiu o cargo há um mês e é conhecida por sua postura favorável a uma política expansionista, comprometeu-se a priorizar a adoção de medidas para amenizar o impacto da inflação persistente no país asiático num contexto de estagnação dos salários reais.

O índice de preços ao consumidor (IPC) do Japão subiu 3% em outubro, revelou hoje o Governo japonês, continuando acima da meta de 2% do Banco do Japão (BoJ) e mantendo o contexto para um aumento das taxas.

Os dados estatísticos chegam depois do governador do BoJ, Kazuo Ueda, insistir na passada terça-feira, durante a primeira reunião com Takaichi, na importância da inflação atingir os 2%.

O banco central do Japão aumentou as taxas de juro de referência pela última vez em janeiro passado para 0,5%, o terceiro aumento em um ano, que pôs fim a mais de uma década de taxas baixas com as quais o banco central japonês tentou tirar o país de um longo ciclo deflacionário.

Este o ciclo de normalização foi, porém, interrompido enquanto o BoJ avalia detalhadamente o impacto das tarifas dos EUA e o impacto do projeto de estímulo económico, que Takaichi acaba de anunciar.

"O que o Japão deve fazer agora não é enfraquecer a sua força nacional com medidas de austeridade excessivas, mas reforçar o seu poder nacional com políticas orçamentais proativas", afirmou hoje Takaichi. A declaração deverá ecoar na sala do gabinete de política do BoJ.

"Ao mesmo tempo que promovemos uma economia forte e aumentamos a taxa de crescimento, reduziremos o rácio dívida pública/PIB, alcançaremos a sustentabilidade orçamental e garantiremos a confiança do mercado", acrescentou a governante.

Além de medidas de alívio para a inflação a curto prazo, Takaichi revelou que o novo Executivo japonês planeia impulsionar o investimento em setores-chave, como a construção naval e a inteligência artificial, investimentos estratégicos que visam fortalecer o crescimento economia.

Para financiar o pacote, o Executivo de Takaichi planeia elaborar um orçamento suplementar de 17,7 biliões de ienes (97,5 mil milhões de euros) para o ano fiscal em curso, que encerrará no final de março de 2026, e que marca o maior montante de estímulos económicos desde a pandemia do coronavírus.

Espera-se que o volume total do pacote, somando os gastos dos governos locais e do setor privado, ultrapasse os 42 biliões de ienes (231,5 mil milhões de euros), de acordo com a agência de notícias local Kyodo, um aumento de 7,7% em relação ao valor do ano anterior.

O novo pacote de estímulos inclui medidas destinadas a sustentar a economia perante da preocupação de que a agressiva política tarifária dos Estados Unidos prejudique tanto as empresas quanto os particulares e, consequentemente, o investimento corporativo e o consumo interno, pilar do PIB japonês.

As fontes de financiamento provirão do aumento das receitas tributárias e não tributárias, e qualquer défice será coberto com a emissão de títulos dogoverno.

O Executivo japonês pretende aprovar o orçamento antes do encerramento da atual sessão extraordinária da Dieta, o Parlamento nacional, em 17 de dezembro.

Se aprovado, o orçamento suplementar será 27% superior ao aprovado no ano fiscal anterior pelo ex-primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que renunciou em setembro.

As perspetivas de um pacote de estímulo económico em grande escala como o apresentado hoje provocaram uma acentuada desvalorização do iene e dos títulos do Estado japonês desde a chegada ao poder de Takaichi, que também não exclui a possibilidade de intervenção no mercado monetário.

"Uma vez elaborado o orçamento suplementar, prevê-se que o montante dos títulos emitidos seja inferior ao do ano passado após a sua aprovação, e a sustentabilidade fiscal foi plenamente considerada", disse.

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