Estado vai ficar com 20% dos prémios do Euromilhões
Até agora, só as apostas nos jogos sociais pagavam imposto. Agora, também os próprios prémios vão ser taxados.
Estão em causa os jogos sociais do Estado como o euromilhões, lotaria nacional, lotaria instantânea, totobola, totogolo, totoloto e o Joker, que são geridos pela Santa Casa e que, até agora, estavam isentos de tributação, pelo menos que aos prémios dizia respeito - pagava-se imposto, sim, mas apenas pela aposta em si e nem se dava por ele, porque estava já incluído no preço.
Agora, e de acordo com o previsto na proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2013, ontem entregue no Parlamento pelo ministro das Finanças, passará a haver uma dupla tributação sobre estes jogos. Por um lado, continuam a ser sujeitos a uma taxa de 4,5% em imposto de selo sobre a compra das taludas, ou seja, pela própria aposta (e não o prémio). Por outro lado, apanharão com um imposto do selo de 20% sobre os prémios de montante igual ou superior a cinco mil euros.
Caso esta norma passe pelo crivo dos deputados – até à votação final global os grupos parlamentares podem ainda alterar as propostas – os chamados jogos sociais ficam em pé de igualdade com os demais jogos em matéria de tributação.
Para já, e de acordo com a intenção do Governo, o imposto em causa será retido pela Santa Casa da Misericórdia, à qual cabe a gestão dos jogos, sendo que o encargo será do beneficiário do prémio e será cobrado no momento da atribuição do prémio.
Portugal segue exemplo espanhol
Com esta medida, o Executivo segue o exemplo de Espanha que, também no orçamento para o próximo ano, avançou com uma alteração à tributação dos jogos sociais. No país vizinho, os prémios superiores a 2.500 euros e relativos aos sorteios apostos das "Loterias de Estado" passaram a estar sujeitos a um novo imposto que, tal como em Portugal, foi fixado nos 20%.
O executivo de Mariano Rajoy estima que, com esta medida, as receitas arrecadadas ascenderão a 840 milhões de euros. Em Portugal essa previsão não é ainda conhecida.
Mapas recapitulativos exigidos acima de 3 mil euros
No IVA são reforçados os meios à disposição da inspecção tributária com a redução do limiar mínimo a partir do qual passa a ser obrigatório apresentar os mapas recapitulativos de clientes e fornecedores. O limiar baixa de 25 mil para 3 mil euros. Esta informação é enviada anualmente ao fisco e o seu conteúdo tem por base os documentos contabilísticos das empresas. Aí se identificam os sujeitos passivos, bem como os seus clientes e fornecedores com os quais, no ano anterior, as operações realizadas ultrapassaram os 3 mil euros.
IVA dos incobráveis sai dos tribunais
Os credores que agora têm de recorrer aos tribunais para reaver o IVA mesmo quando sabem que os seus devedores já não têm património que lhes permita reaver as dívidas em atraso, vão deixar de ser obrigados a faze-lo. Passará a ser preciso apenas um requerimento junto da administração tributária, sendo que esta passa a controlar a legalidade da pretensão.
IVA de caixa para PME
A proposta de OE contempla uma autorização legislativa para a introdução do regime do IVA de caixa para PME com um volume de negócios até 500 mil euros. A regra passará a ser a da entrega do IVA ao Estado apenas após o recebimento da factura e entrada do dinheiro em caixa, e não após a sua emissão, como agora acontece. O objectivo é dar algum desafogo à tesouraria das empresas.
Imposto sobre cigarrilhas e charutos sobe de 15% para 25%
O Governo estima, para o próximo ano, um aumento de 2,7% da receita líquida em sede deste imposto para os 1.386,4 milhões de euros. A proposta do OE para 2013 contempla "o nivelamento da tributação de diferentes formas de tabaco". Ou seja, a taxa aplicada sobre charutos, cigarrilhas e tabaco de enrolar vai aumentar, no próximo ano. Sobre o preço de venda ao público passa a incidir uma taxa de 25%, mais dez pontos percentuais em relação à que está actualmente em vigor.
Receita estimada de ISP aumenta 1,4%
Para o próximo ano, o Executivo estima que a receita líquida do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP) ascenda a 2.173,4 milhões de euros, um aumento de 1,4% face à prevista para 2012. Uma evolução que "reflecte o efeito que resulta da transposição para o ordenamento jurídico português, da directiva europeia que reestrutura o quadro comunitário de tributação dos produtos energéticos e da electricidade", afirma o Executivo.
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