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Guiné-Bissau: Presidente está por trás do "golpe-fantoche", acusam ativistas

"A teatralidade precisava deste tipo de situações, não é inédito na história política do continente africano", disse Yussef Gomes.

Ativistas protestam em Lisboa por libertação de guineenses sequestrados.
Ativistas protestam em Lisboa por libertação de guineenses sequestrados. Manuel de Almeida / Lusa
19:40

O organizador da manifestação que juntou esta quinta-feira em Lisboa perto de 200 guineenses contra o golpe de Estado na Guiné-Bissau considerou que o Presidente, Umaro Sissoco Embalo, está por trás do golpe que impediu a divulgação dos resultados eleitorais.

"A teatralidade precisava deste tipo de situações, não é inédito na história política do continente africano", disse Yussef Gomes, coordenador do movimento coletivo "Firkidja di Pubis", durante a manifestação em frente à sede da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, quando questionado pela Lusa sobre se Sissoco Embaló está por trás do golpe militar na Guiné-Bissau.

"Não é uma situação nova, Embaló já tinha aberto a possibilidade de haver um golpe de Estado que iria colocar os militares de forma explícita no poder, porque eles já estavam no poder; a verdadeira força que colocou Embaló no poder e conseguiu sustentar o poder é as Forças Armadas", disse o jovem ativista, concluindo que "a grande diferença é que neste momento as coisas estão claras, porque perante todas as informações que chegam, Embaló está por trás do golpe de Estado".

Sobre a situação em Bissau na sequência do golpe de Estado, Yussef Gomes respondeu que "é de resistência a um golpe de Estado, uma espécie de auto-golpe, um golpe fantoche, que tinha como objetivo fundamental colocar um ponto final no processo eleitoral, que iria hoje divulgar os resultados das eleições presidenciais e legislativas, que demonstravam que Embaló tinha perdido de forma copiosa".

Para este jovem ativista, "era preciso colocar um ponto final e a forma que encontraram foi um falso golpe de Estado, que prendeu o candidato vencedor, Fernando Dias, prendeu o presidente da Assembleia Popular, Domingos Simões Pereira, que é o líder do maior partido da oposição, e vários procuradores-gerais que participaram no processo de forma digna".

Neste momento, "o que existe na Guiné-Bissau é resistência, o povo tem consciência que Embaló representava o regime, que tem os seus tentáculos, e as Forças Armadas deram um passo em frente no sentido de continuarem a defender os seus interesses, que são contrários à soberania popular e aos interesses económicos do país".

As declarações do ativista foram feitas à margem de uma manifestação que juntou perto de 200 guineenses que, à porta da sede da CPLP, deixaram duras críticas à inação desta organização que junta os países lusófonos, e na qual decorreu esta tarde uma reunião dos embaixadores dos países lusófonos junto da CPLP.

O general Horta Inta-A foi empossado hoje Presidente de transição da Guiné-Bissau, um dia depois de os militares terem tomado o poder no país, antecipando-se à divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de novembro.

Os militares anunciaram a destituição do Presidente Umaro Sissoco Embaló, suspenderam o processo eleitoral, os órgãos de comunicação social e impuseram um recolher obrigatório.

As eleições, que decorreram sem registo de incidentes, realizaram-se sem a presença do principal partido da oposição, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, excluídos da disputa e que declararam apoio ao candidato opositor Fernando Dias da Costa.

Simões Pereira foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.

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