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Presidenciais: Seguro apelo ao voto útil à esquerda e Jorge Pinto assegura que não desistirá

Ambos os candidatos concordaram com as críticas à legislação laboral, com Seguro a admitir uma "clara inclinação" para não aceitar a versão atual do diploma caso seja eleito, idêntica posição já assumida antes por Jorge Pinto.

António José Seguro e Jorge Pinto trocaram argumentos no debate na RTP.
António José Seguro e Jorge Pinto trocaram argumentos no debate na RTP. Francisco Romão Pereira / RTP
01 de Dezembro de 2025 às 22:55

Os candidatos presidenciais António José Seguro e Jorge Pinto disputaram esta segunda-feira o eleitorado à esquerda, com o antigo líder do PS a apelar ao voto útil em si na primeira volta e o adversário a assegurar que não desistirá.

No frente a frente televisivo no âmbito da pré-campanha para as presidenciais de 18 de janeiro, transmitido pela RTP, ambos os candidatos concordaram com as críticas à legislação laboral, com Seguro a admitir uma "clara inclinação" para não aceitar a versão atual do diploma caso seja eleito, idêntica posição já assumida antes por Jorge Pinto.

Se o debate começou com os dois a desejaram as melhoras ao Presidente da República -- hoje admitido no Hospital de São João, no Porto, depois de se ter sentido indisposto -, rapidamente foram visíveis as divergências, com Jorge Pinto a questionar as decisões de Seguro no passado quanto à "abstenção violenta" no Orçamento do Estado para 2012 e a oposição ao pedido de fiscalização de algumas das suas normas por parte de alguns deputados socialistas.

Jorge Pinto, que foi militante do PS e se desfiliou durante a liderança de Seguro, negou que alguma vez tenha admitido desistir exclusivamente a favor de Seguro, e lamentou que este tenha avançado para a corrida a Belém sem um diálogo antecipado à esquerda.

Na resposta, o antigo secretário-geral do PS reafirmou ser da "esquerda responsável", disse ter avançado sem "combinatas ou acordos com ninguém", rejeitando que, com a sua decisão, tenha impedido uma candidatura mais agregadora.

"Nós vivemos numa democracia, então agora eu vou impedir alguém que seja candidato?", questionou, dizendo que as candidaturas são "atos de coragem".

Seguro lamentou ainda que um candidato jovem como Jorge Pinto esteja "tão agarrado ao passado" e disse ter impedido, no período da 'troika', a intenção de setores da direita de inscrever na Constituição um limite para o endividamento e um limite para o défice.

Na reta final do debate, Seguro quis acentuar que ambos concordam que é necessário que, nas eleições presidenciais, "não se coloquem os ovos todos no mesmo cesto" para não correr o risco de o PSD se tornar num "partido hegemónico na sociedade portuguesa".

"Consegue visualizar um cenário de segunda volta em que estivessem, por exemplo, só dois candidatos de direita e que eu não estivesse presente? Não é meu inimigo, eu estou a lutar para que a esquerda, o centro-esquerda, a esquerda democrática tenha uma presença na segunda volta e isso só poderá ser conseguido se houver uma convergência de votos da minha candidatura", apelou.

Na resposta, e questionado se irá até ao fim na primeira volta, Jorge Pinto respondeu afirmativamente.

"Eu vou até ao fim porque sei o que farei se for Presidente da República", disse.

Na última frase do debate, Seguro insistiu que "cada um deve assumir as suas responsabilidades", e deixou um aviso: "Espero que nenhum eleitor de esquerda possa acordar no dia 19 de janeiro e dizer 'bem, por causa do meu voto o Seguro não foi à segunda volta'".

Ambos voltaram a discordar na possibilidade, admitida pelo candidato apoiado pelo Livre, de dissolver o parlamento caso seja aprovada uma revisão constitucional apenas à direita, com o candidato apoiado pelo PS a considerar que tal seria irresponsável.

Nas matérias relativas ao trabalho, as posições de ambos foram, de forma geral, concordantes, com Seguro a considerar que a proposta do Governo "vem desequilibrar a relação que tem que existir entre os empresários e os trabalhadores".

Na saúde, ambos apelaram a entendimentos -- Jorge Pinto falou nuns estados-gerais, ideia que Seguro apoiou -, e na imigração os dois consideraram-na necessária.

Neste ponto, o candidato apoiado pelo Livre, filho e neto de emigrantes e que foi ele próprio emigrante por 15 anos, disse existir "um clima envenenado" e de ódio sobre o tema, enquanto Seguro defendeu que a imigração deve ser "organizada na entrada e na integração", sem responder diretamente se tal não acontecia antes do atual Governo.

"Eu sou uma pessoa centrada no futuro", disse.

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