Estudantes pedem fim da cobrança coerciva das propinas quando abandonam estudos
O custo de frequentar uma Instituição de Ensino Superior (IES) tem de diminuir progressivamente para o aluno e para a sua família até se chegar à gratuitidade, defende a Federação Académica de Lisboa (FAL) no "Livro Verde do Ensino Superior" lançado esta segunda-feira.
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Ao longo de mais de 100 páginas, o Centro de Estudos da FAL debruça-se sobre várias problemáticas dos estudantes no Ensino Superior para avaliar temas como o financiamento das instituições, o funcionamento dos apoios de ação social ou as dificuldades dos alunos com Necessidades Educativas Especiais.
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O primeiro capítulo aborda o financiamento do Ensino Superior e apresenta dados dos últimos anos que demonstram a cada vez maior contribuição dos estudantes: O valor total das propinas pagas por todos os estudantes entre 2007 e 2016 passou de 234 milhões para 317 milhões.
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"Tem havido subfinanciamento de apoio estatal, mas as propinas e as taxas de frequência têm vindo a aumentar ao longo dos anos. As instituições estão excessivamente dependentes das contribuições dos estudantes e respetivos agregados familiares", alertou Teresa Valido, vice-presidente da FAL.
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A FAL recomenda por isso a redução progressiva do financiamento pelos estudantes e agregados familiares.
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As propinas têm de acabar e os custos com a frequência no ensino superior têm de ser drasticamente reduzidos, defende a FAL lembrando que a maioria dos estudantes tem ainda de pagar casa, alimentação, transportes e material escolar.
As dificuldades financeiras são uma das principais causas para o abandono escolar, sublinha a FAL que recorda algumas realidades que precisam ser alteradas, tais como os apoios dados aos trabalhadores-estudantes.
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Os portugueses fazem parte do grupo de trabalhadores estudantes que assumem que se não trabalhassem não poderiam garantir a continuação dos estudos, segundo um inquérito europeu, o Eurostudent de 2018.
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Além dos portugueses, encontram-se na mesma situação os estudantes da Albânia, Alemanha, Finlândia, Hungria, Irlanda, Islândia, Malta, Noruega, Polónia e Portugal.
"Este cenário é alarmante", sublinha o Centro de Estudos, lembrando que mais tempo de trabalho é menos tempo de estudo o que poderá estar relacionado com o prolongamento ou interrupções do curso assim como com a taxa de abandono e sucesso académico.
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Por isso, é recomendada a criação de "opções de financiamento para estudantes que dependem maioritariamente dos próprios rendimentos para pagar propinas e taxas de frequência".
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Os investigadores defendem ainda que deveria ser criado um grupo de trabalho que analisasse a evolução do sistema de propinas e que debatesse sobre "hipóteses sérias e realistas sobre taxas de frequência, como a possibilidade de assumir a fórmula de cálculo da propina, pela atualização do valor indexante utilizado, o índice de preços do consumidor".
As taxas de inscrição, matrícula, certidões de matrícula, inscrição, frequência, habilitações e conclusão de ciclo deveriam ser disponibilizados gratuitamente, uma vez que a FAL considera que aqueles valores "já são contemplados na propina".
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Os estudantes recomendam também ao Governo uma avaliação e revisão do modelo de financiamento do sistema de Ensino Superior assim como a criação de um grupo de trabalho para rever a Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior.
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Já no quinto capítulo, o Livro Verde aborda as condições dos estudantes deslocados, sendo que a falta de oferta de quarto a preços acessíveis acaba por dominar o assunto.
O Orçamento do Estado de 2018 criou um programa para a construção e requalificação de residências para estudantes e o Governo já avançou com o projeto, mas os estudantes consideram que os planos até agora conhecidos ficam aquém das necessidades.
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No Livro Verde recomendam um reforço orçamental para que as IES possam criar condições para que privados ou particulares "possam comparticipar o alojamento universitário, disponibilizando edificado para esse efeito".
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Também solicitam a participação das autarquias, a quem pedem a promoção da construção e recuperação de edificado, através do licenciamento para a reconstrução e na isenção ou diminuição das taxas municipais.
Criar novos modelos de habitação, como o 'cohousing' ou habitação colaborativa, é outra das recomendações que se pode ler no Livro Verde.
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