Merz emociona-se na inauguração de sinagoga restaurada em Munique

Merz teve dificuldades em conter a emoção e até as lágrimas ao fazer alusão, durante o seu discurso, à vida de Rachel Salamander, filha de sobreviventes judeus do Holocausto e autora, que esteve presente na sinagoga de Munique.
Merz emociona-se na inauguração de sinagoga restaurada em Munique
Lusa 16 de Setembro de 2025 às 15:02

O chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou esta terça-feira "guerra ao antissemitismo", durante a reabertura "em condições adversas" de uma sinagoga restaurada em Munique, no sul da Alemanha, que representa "mais uma vez uma 'expressão da força vital judaica'".

"Daqui, em nome de todo o governo da República Federal da Alemanha, declaro guerra a todas as formas de antissemitismo na Alemanha, antigas ou novas: politicamente, é claro, mas também no direito penal e em qualquer forma legislativa que se mostre necessária", apontou Merz durante o seu discurso na terceira inauguração desta sinagoga na Reichenbergstrasse, em Munique.

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O governante acrescentou que também não tolerará o antissemitismo "sob o pretexto de uma suposta liberdade artística, cultural e científica".

Merz teve dificuldades em conter a emoção e até as lágrimas ao fazer alusão, durante o seu discurso, à vida de Rachel Salamander, filha de sobreviventes judeus do Holocausto e autora, que esteve presente na sinagoga de Munique, noticiou a agência Efe.

Salamander, que lançou a iniciativa de restauro da sinagoga através de uma associação há mais de uma década, também discursou hoje para, entre outras coisas, destacar o significado histórico do templo agora recuperado.

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No seu discurso, o primeiro-ministro alemão lamentou que, desde o ataque terrorista do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, que resultou na guerra na Faixa de Gaza, os judeus estejam a viver "uma nova onda de antissemitismo (...) flagrante e mal disfarçado, em palavras e atos, nas redes sociais, nas universidades e nos espaços públicos".

Merz manifestou vergonha e disse ainda estar perplexo com o facto de em algumas ruas alemãs se tenha celebrado "o maior assassinato de judeus desde o Holocausto, um ato monstruoso e bárbaro".

O chanceler frisou ainda que o 07 de outubro deixou claro que, durante muito tempo, a política e a sociedade ignoraram o facto de algumas das pessoas que vieram para a Alemanha nas últimas décadas terem sido educadas em países "onde o antissemitismo é praticamente uma doutrina de Estado e o ódio a Israel é ensinado desde a infância".

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Merz recordou que a inauguração da sinagoga, há 94 anos, em 05 de setembro de 1931, ocorreu "nas circunstâncias mais adversas" e que, durante "sete curtos anos", até ser profanada e vandalizada por uma multidão em 1938, foi um local de vida, culto e oração judaicos.

Apenas foi salva do incêndio por receio de que as casas "não judias" em redor fossem danificadas, acrescentou.

Já em 1945, a comunidade judaica de Munique sofreu a sua refundação e, em 1947, a sinagoga celebrou a sua segunda inauguração, mais uma vez nas "condições mais adversas", numa Alemanha que se manteve em grande parte silenciosa sobre o nacional-socialismo e os seus crimes horríveis e durante muito tempo não conseguiu confrontar a sua própria culpa, acrescentou.

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"O antissemitismo nunca desapareceu da República Federal", frisou Merz.

A sinagoga, inaugurada hoje pela terceira vez e "restaurada em todo o seu esplendor, beleza e design moderno originais", é uma das poucas sinagogas de estilo Bauhaus que restam na Europa, um "monumento artístico", enfatizou Merz.

O chanceler enfatizou que a famosa escola de design e arquitetura Bauhaus é impensável sem os seus artistas judeus, assim como a arte, a filosofia e a literatura da Alemanha e da Europa, em toda a sua riqueza, são impensáveis sem as tradições, o pensamento e a teologia judaicos.

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