Europa discute financiamento à Ucrânia. "Usar [bens congelados] significa guerra", alerta Hungria
O Conselho Europeu vai reunir para discutir o apoio financeiro à Ucrânia para os próximos dois anos, havendo divisão entre os países sobre se a utilização dos ativos russos congelados para sustentar esse apoio.
O presidente do Conselho Europeu assegurou que a reunião só acabará com uma decisão sobre o financiamento à Ucrânia para os próximos dois anos e defendeu a proposta de utilização dos recursos russos imobilizados nos países da União Europeia (UE).
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"Vai ser um Conselho [Europeu] árduo [...], posso assegurar-lhes que não sairemos sem uma decisão" sobre o financiamento à Ucrânia, disse António Costa, à entrada para a última reunião do Conselho Europeu de 2025, em Bruxelas.
O ex-primeiro-ministro de Portugal insistiu que é necessário "assegurar as necessidades de financiamento da Ucrânia em 2026 e 2027" e apontou a proposta da Comissão Europeia -- de utilizar os ativos russos congelados nos países da UE – como a solução mais credível para o fazer.
"Estamos a trabalhar muito bem, vamos continuar a fazê-lo hoje e, se necessário, amanhã, mas não sairemos daqui sem uma solução", insistiu o presidente do Conselho Europeu, em funções há um ano.
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Também a alta representante para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, insistiu na aprovação da proposta para utilizar os recursos russos imobilizados para financiar a Ucrânia, advertindo que “Putin está a contar com o fracasso” da União Europeia (UE).
“Avançar com esta proposta legislativa significa que todos vamos suportá-la […], [Vladimir] Putin [Presidente russo] está a contar com o nosso fracasso hoje, não devíamos dar-lhe isso”, disse Kaja Kallas, à entrada para a uma reunião do Conselho Europeu, a última de 2025.
A Bélgica é o país da UE com mais ativos deste tipo e Kaja Kallas disse compreender que “esteja a ser pressionada por vários países europeus e também pelos Estados Unidos da América”, mas advertiu que o 'peso' da decisão vai ser suportado pelos 27: “Por isso é que a proposta é europeia.”
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Por outro lado, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, alertou que usar os ativos russos congelados na União Europeia conduzirá à guerra e que não quer ver a União Europeia (UE) em guerra. “Usar o dinheiro [congelado na UE] significa guerra”, referiu, em declarações aos jornalistas à entrada do Conselho Europeu. Orbán acrescentou ainda que a possibilidade de utilizar fundos russos que chegam à maturidade para financiar a Ucrânia “está morta”.
A imobilização dos ativos russos para serem credivelmente utilizados no final da maturidade (‘reparations loan’) ou a ida ao mercado financeiro para contrair um empréstimo são hipóteses em cima da mesa.
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