Merkel e Padoan confiantes numa solução para a banca italiana
A necessidade de capital da parte do sistema financeiro italiano é uma realidade da qual ninguém duvida. As diferenças surgem quanto às medidas a adoptar por forma a evitar uma crise da banca transalpina, com Roma e Bruxelas a divergirem sobre a intenção do Governo de Matteo Renzi utilizar fundos públicos para a capitalização dos bancos, ideia ao arrepio das regras previstas pela união bancária europeia.
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No entanto esta terça-feira, 12 de Julho, foi dia de afirmar confiança de que será encontrada uma solução que satisfaça todas as partes. Pier Carlo Padoan, ministro italiano das Finanças, tentou deixar uma mensagem tranquilizadora em Bruxelas, onde decorre a reunião dos ministros das Finanças da União Europeia: "O sistema bancário [italiano] permanece sólido".
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Apesar de esta questão não estar na agenda do encontro do Ecofin, a banca transalpina, refere o La Repubblica, foi tratada à margem da reunião. Padoan explicou aos jornalistas que é "completamente infundada" a ideia de um efeito sistémico provocado pela banca italiana. Padoan respondia ao seu homólogo checo, Andrej Bavis, que afirmou que o problema da banca italiana assume efeitos mais gravosos do que o Brexit.
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Porém, Padoan insiste que é uma "prioridade" para o Executivo de Renzi assegurar que qualquer iniciativa a adoptar para o sector terá de "respeitar o princípio de protecção aos aforradores". Matteo Renzi tem defendido esta ideia e, apesar dos tratados europeus que "são tudo menos simples", o chefe do Governo italiano acredita que numa solução que satisfaça todas as partes.
Apesar destas garantias, esta terça-feira o banco central de Itália (Bankitalia) revelou que o crédito malparado dos bancos transalpinos voltou a aumentar, no final de Maio, para uma cifra de 200 mil milhões de euros, um máximo de Janeiro deste ano.
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Também a chanceler alemã, Angela Merkel, coincidiu com Padoan ao assegurar esta manhã que a necessidade de capitalização do sistema financeiro italiano será "bem resolvida" e que a mesma não provocará qualquer crise ao nível do bloco europeu.
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Mas Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, já avisou que as regras da união bancária contemplam medidas preventivas mas não a possibilidade de ajudas de Estado à banca. Na mesma linha, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, mostrou "plena confiança de que o Governo italiano encontrará maneira de resolver o problema de alguns bancos respeitando as regras".
Ainda assim, Renzi, cujo Governo planeia injectar cerca de 40 mil milhões de euros nos bancos mais descapitalizados do sistema, assume que nesta altura haja "alguns banqueiros a dormir um sono menos tranquilo, seja por questões de responsabilidade, seja porque possa haver algum banco a mais".
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Citado pelo Corriere della Sera, Matteo Renzi aponta mira a Berlim ao admitir com alguma ironia que talvez seja necessário intervir nos bancos italianos da mesma forma que Merkel fez ao "meter 247 mil milhões de euros nos bancos alemães, considerando essa uma boa opção para o sistema económico do seu país".
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