Merz insta Alemanha e Europa a assumirem liderança económica e militar
O chanceler alemão, Friedrich Merz, defendeu na terça-feira que a atual conjuntura global representa uma rutura e o fim de uma era e instou a Alemanha e a Europa a assumirem a liderança política e militar.
"Temos de assumir um papel político e militar que tínhamos abandonado. Habituámo-nos a oito anos de liberdade, e o que aconteceu entretanto não foi o fim da história, como acreditava [o politólogo norte-americano] Francis Fukuyama, mas um episódio, e esse episódio também chegou ao fim", frisou Merz no congresso da Federação Alemã dos Empregadores.
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"Agora, deparamo-nos com uma realidade brutal: guerra na Europa, sistemas autoritários e um Presidente dos Estados Unidos que quer impor a sua política 'América Primeiro' através de tarifas", acrescentou.
"Os nossos filhos e netos repreender-nos-ão se não encontrarmos as respostas certas para os desafios do nosso tempo", enfatizou o líder alemão.
Merz deu a entender que, dada a natureza dramática da situação atual, algumas questões, embora devam ser resolvidas, ficam em segundo plano em relação aos desafios existentes.
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Referiu-se especificamente ao debate sobre a reforma das pensões dentro do seu próprio partido, a União Democrata Cristã (CDU).
"Daqui a alguns anos, ninguém se lembrará do debate sobre se as pensões devem manter-se nos 48% do salário médio. Exigirão outras coisas de nós. Devemos esforçar-nos por manter a aliança transatlântica e estar preparados para a possibilidade de enfrentar uma agressão militar", salientou.
"Aqueles que pensam que a situação atual se resume à Ucrânia não compreenderam", concluiu.
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Merz recordou que a sua administração começou numa altura em que o mundo estava a mudar, não só rapidamente, mas "com Donald Trump na Casa Branca e um populismo cada vez mais insidioso vindo da esquerda e, principalmente, da direita".
O chanceler alemão destacou ainda que o seu Governo criou as condições para o aumento das despesas militares, tal como outros países europeus, cumprindo um compromisso há muito adiado.
Sem este compromisso, sublinhou, a cimeira da NATO em Haia teria sido provavelmente a última.
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"Os norte-americanos não estariam dispostos a continuar a apoiar-nos", apontou, referindo-se ao acordo assinado entre os aliados para investir 3,5% do PIB na Defesa e 1,5% em infraestruturas relacionadas com a Defesa.
Merz lembrou que, com este investimento, o seu Governo cumpriu uma das suas três prioridades, além de corrigir a política de refugiados – que resultou numa quebra de 60% nos novos pedidos de asilo – e dinamizar a economia alemã após dois anos de recessão.
"Para nós, a situação da economia alemã era clara: durante anos, as estruturas consolidaram-se, levando-nos à situação atual. Mas a Alemanha não é uma lancha, e sim um grande navio cargueiro; não se pode mudar de rumo em poucos dias, leva tempo", analisou.
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O governante acrescentou que, nos primeiros meses do seu governo, foi implementada uma redução do imposto sobre as empresas e os custos de energia para as empresas foram reduzidos.
Enfatizou ainda a sua disponibilidade para reformar os sistemas sociais e reduzir os procedimentos burocráticos na Alemanha, além de trabalhar para os simplificar também a nível europeu.
Merz fez o seu discurso precisamente quando os seus índices de aprovação estão em queda nas sondagens.
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De acordo com uma sondagem do instituto Insa, publicada na terça-feira, apenas 25% dos alemães estão satisfeitos com o trabalho de Merz como chefe do Governo.
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