UE propõe Pacto para as Migrações que acaba com quotas de acolhimento de refugiados

A Comissão Europeia propõe um "novo começo" assente num "novo equilíbrio entre responsabilidade e solidariedade" que, entre outras ideias, prevê o fim da obrigatoriedade dos Estados-membros acolherem refugiados e também a possibilidade de os países pagarem o regresso à origem dos requerentes de asilo cujo estatuto de refugiado tenha sido recusado.
UE propõe Pacto para as Migrações que acaba com quotas de acolhimento de refugiados
David Santiago 23 de Setembro de 2020 às 13:54

Ursula von der Leyen tinha prometido avançar com uma nova e mais eficaz política migratória e cumpriu esta quarta-feira essa promessa.

 

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A presidente da Comissão Europeia apresentou esta manhã um novo Pacto para as Migrações e Asilo que Von der Leyen promete constituir um "novo começo" nas políticas comunitárias de gestão migratória e que deverá assentar num "novo equilíbrio entre responsabilidade e solidariedade".

 

Partindo da crise migratória de 2015, e passando pelas objeções levantadas por vários Estados-membros, em particular os de Visegrado (em especial Hungria e Polónia), mas também, por exemplo, pela Áustria, Bruxelas considera que o sistema atual não funciona e que é necessário um enquadramento que vincule todos os países da UE.

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O pacto proposto pelo órgão executivo comunitário começa por sugerir o fim das quotas obrigatórias de acolhimento de refugiados – medida que foi desrespeitada por diversos países – para depois propor um chamado "sistema flexível de contribuições" através do qual os Estados-membros poderão patrocinar o regresso ao país de origem dos requerentes de asilo a quem tenha sido negado o estatuto de refugiado.

 

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Os países terão oito meses para implementar esse regresso patrocinado e poderão escolher a nacionalidade dos migrantes que queiram fazer regressar, contudo se falharem neste processo ficam obrigados a acolher migrantes, perdendo, neste caso, o direito a escolher a nacionalidade dos migrantes a acolher.

The @EU_Commission’s pact on Migration and Asylum reflects a fair and reasonable balance between responsibility and solidarity among Member States.

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We all share the benefits.

We all share the burden.#MigrationEU pic.twitter.com/zZEeYyo44k

Os países da União poderão inclusivamente assumir as despesas inerentes à devolução aos países de origem dos requerentes que permaneçam num Estado-membro terceiro. Seja como for, Bruxelas alerta que será necessário que os Estados-membros assumam "contribuições mais rigorosas" nos momentos em que a pressão migratória for mais elevada.

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O pacto agora proposto pela Comissão pretende também criar procedimentos integrados de gestão fronteiriça, prevendo a possibilidade de os requerentes que atravessem as fronteiras externas da União sem a devida autorização passarem a ser rastreados e identificados.

 

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A Comissão Europeia sugere ainda que a UE deve promover o estabelecimento de "parcerias" com países terceiros que sejam válidas para todas as partes envolvidas, devendo estas incidir sobre questões sensíveis tais como o tráfico de pessoas e a criação de rotas legais e seguras para os requerentes de asilo.

O pacto prevê também a prometida reforma da Convenção de Dublin, que define as regras do sistema de asilo na Europa e que estabelece que o país onde o migrante chega em primeiro lugar quando entra em território comunitário é também o Estado-membro responsável por processar o respetivo requerimento de asilo.

 

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Como realça o Politico, esta ideia fundamental do sistema de Dublin irá manter-se, pese embora fique prevista a hipótese de os requerentes de asilo com ligações a outro determinado Estado-membro terem os seus processos desencadeados por esse mesmo país.

 

"Agora é o tempo de enfrentar o desafio de gerir a migração em conjunto, com o equilíbrio certo entre a solidariedade e responsabilidade", sustenta Ursula von der Leyen em comunicado da Comissão.

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