Durão Barroso considera gerível saída da Grécia da Zona Euro
Durante uma conferência promovida pela associação cívica Plataforma para o Crescimento Sustentável, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, Durão Barroso voltou a apontar uma saída da Grécia do euro como mais provável hoje do que há dois ou três anos.
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"É gerível uma saída da Grécia do euro, mas é negativa do ponto de vista do precedente que abre. Portanto, se a Grécia sair do euro, não vai haver, penso, imediatamente uma turbulência dos mercados, como teria havido alguns anos atrás, com efeitos terríveis de contaminação e de contágio", afirmou.
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Durão Barroso, que abordou este tema em resposta a uma questão da assistência, acrescentou: "Mas é um precedente mau, é um precedente negativo que se abre, razão pela qual deveríamos fazer tudo para evitar que tal aconteça. Haverá sabedoria do lado grego e do lado dos parceiros do euro que evite isso? Não sei".
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Segundo o ex-presidente da Comissão Europeia "a questão pode decidir-se nos próximos dias", tendo em conta a informação dada pelo Governo grego de que "não poderia cumprir o pagamento de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI) já no mês de Junho se não se conseguisse entretanto um acordo".
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"É uma questão que está neste momento em discussão. Eu vou estar, aliás, esta semana para alguns contactos informais em Bruxelas. Espero ter aí mais notícias, e ver se conseguem evitar, de facto, uma situação que não é boa", concluiu.
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Durão Barroso defendeu que se a Grécia sair do euro isso "não é bom para nenhum país", mas desdramatizou esse cenário: "A dar-se isso hoje, será muito diferente de que se tivesse dado no passado. Porque entretanto os outros países já demonstraram que era possível adaptarem-se, e conseguirem concluir programas de ajustamento, nomeadamente Portugal e a Irlanda. Mesmo o Chipre está no bom caminho".
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"Por isso, se a Grécia hoje sair os mercados pensarão que não é tanto por debilidade do sistema, é mais por debilidade da Grécia. Também como a dívida grega hoje está essencialmente nos outros países europeus, no Fundo Monetário [Internacional] e no Banco Central Europeu, e não nos bancos, não vai haver os efeitos de contaminação que podem gerar instabilidade no sistema financeiro", sustentou.
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Antes, o ex-primeiro-ministro fez uma intervenção a história e a geografia portuguesas e a identidade nacional, no final da qual apontou a crise dos últimos anos como "um teste à convicção europeia de Portugal" e deixou críticas a "sectores das elites" do país.
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Durão Barroso considerou que se assistiu neste período recente ao "regresso de algumas tentações nacionalistas em alguns dos sectores das elites portugueses", que "antes não se tinham afirmado contra a integração europeia" - e que associou "centralismo" e "clientelismo de Estado".
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"Foi fácil desculpabilizar o país da situação, a tendência para atribuir a outros as responsabilidades próprias, culpando o euro, culpando a Europa, culpando até dos alguns países que nos emprestaram dinheiro em situação de ruptura financeira, em vez de se analisar com maior rigor o que é que levou Portugal a colocar-se numa situação de dependência nacional, à beira da insolvência", criticou.
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De acordo com Durão Barroso, contudo, "graças à chamada saída limpa" do programa de resgate, Portugal "evitou desastres muito maiores" e "conseguiu superar também este obstáculo".
(Notícia actualizada às 23h58 com mais informação)
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