Mário Centeno era até há bem pouco tempo uma escolha improvável para a liderança do Eurogrupo. A atenção que ao longo dos últimos meses a sua candidatura foi gerando internamente, não tinha eco no palco europeu, e não admira. O português é o ministro mais à esquerda do conservador e poderoso grupo de ministros das Finanças do euro. Nos últimos anos criticou sobejamente as políticas europeias tendo mesmo acusado a Europa de preconceito para com o seu Governo. E, embora defenda a moeda única, é suportado no Parlamento em Lisboa por dois partidos que se opõem às regras da união monetária. A sua eleição, além de inesperada, será um teste à sua capacidade de gerar consensos numa estrutura institucional pesada, conservadora, e movida por agendas nacionais conflituantes para a Europa.