Isabel dos Santos acusa juiz de se recusar a ouvi-la

Empresária angolana revela que já apresentou recurso do despacho de pronúncia do Tribunal Supremo que a acusa pela prática de sete crimes envolvendo a sua gestão da Sonangol.
Isabel dos Santos reside atualmente no Dubai.
Bloomberg
Celso Filipe 16:43

Isabel dos Santos “pediu para prestar declarações na fase de instrução contraditória e o juiz de garantias não aceitou que tais declarações fossem prestadas, violando, em toda a sua plenitude, o direito ao contraditório”, afirma a empresária num comunicado emitido esta quinta-feira, 20 de novembro, a propósito do processo em que foi constituída arguida devido à sua ação enquanto presidente da Sonangol entre 2016 e 2017. O juiz de garantias é o magistrado responsável por controlar a legalidade de uma determinada investigação criminal.

A empresária angolana, neste comunicado, revela ainda que a sua defesa “apresentou o recurso ao despacho de pronúncia no prazo de oito dias, no dia 14 de novembro de 2025, num recurso com 436 (quatrocentas e trinta e seis páginas) onde demonstra os múltiplos erros da decisão do juiz das garantias, não apenas os erros jurídicos, mas principalmente os erros quanto aos factos”.

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Esta reação de Isabel dos Santos surge na sequência de o , o despacho de pronúncia do Tribunal Supremo de Angola, no qual se adianta que irá ser julgada pela prática de sete crimes: peculato, burla qualificada, participação económica em negócios, tráfico de influência e fraude fiscal qualificada. E dois crimes de branqueamento de capitais.

Segundo a empresária, atualmente a residir no Dubai, a “decisão de pronúncia vem gravemente viciada de varias violações da lei e do direito por um juiz, comprovando a falta de independência e o estar as ordens do poder político angolano”.

“A decisão de pronúncia do Juiz de Garantias, pelo número de ilegalidades contidas no seu despacho e pelo facto de ignorar todas as provas e todos os depoimentos de todas as testemunhas apresentadas em tribunal ao Juiz, confirma que o poder judicial e os tribunais em Angola não são independentes, que a justiça não é independente, que seguem ordens “superiores” e que a sentença já está pré-determinada”, sustenta

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A acusação da PGR de Angola e a decisão do juiz de garantias do Tribunal Supremo vêm na senda da perseguição política do regime angolano liderado pelo Presidente João Lourenço. Isabel dos Santos, empresária e ex-CEO da Sonangol.

O Presidente de Angola não é poupado neste comunicado. Segundo Isabel dos Santos “a acusação da PGR de Angola e a decisão do juiz de garantias do Tribunal Supremo vêm na senda da perseguição política do regime angolano liderado pelo Presidente João Lourenço. Uma perseguição política que dura há mais de 8 anos e que começou a 1 de dezembro de 2017, por despacho presidencial, ordenando que fosse aberto um processo" contra ela, o chamado "processo dos consultores’".

Tal como o Negócios avançou o despacho de pronúncia do Tribunal Supremo deixou cair quatro acusações no processo contra Isabel dos Santos, as de fraude fiscal simples, associação criminosa, abuso de poder e falsificação de documento.

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