Exportações da China sofrem em outubro primeira quebra desde fevereiro

Os números foram piores do que as previsões dos economistas consultados pela agência de notícias financeiras Bloomberg, que previam um aumento de 2,9% face ao ano anterior.
Wu Hao / EPA
Lusa 07:10

As exportações da China caíram 1,1% em outubro face ao período homólogo, registando a primeira queda mensal desde fevereiro, face a novas tensões comerciais com os Estados Unidos, informaram esta sexta-feira as autoridades alfandegárias chinesas.

Os números foram piores do que as previsões dos economistas consultados pela agência de notícias financeiras Bloomberg, que previam um aumento de 2,9% face ao ano anterior.

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Pelo contrário, as importações subiram 1% em termos anuais em outubro, acrescentaram as autoridades aduaneiras, também abaixo das previsões dos analistas, que esperavam um crescimento de 3,2%.

Outubro ficou marcado por uma nova onda de tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, após o anúncio da China, no início do mês, de novas restrições às exportações de elementos estratégicos de terras raras.

Em retaliação, o Presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor tarifas adicionais até 100% aos produtos vindos da China.

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No entanto, uma cimeira com o homólogo chinês, Xi Jinping, a 30 de outubro, na Coreia do Sul, resultou em medidas recíprocas de desanuviamento.

Em outubro, o comércio entre a China e os Estados Unidos, denominado em yuan, a moeda chinesa, foi 24,5% inferior ao do ano anterior. As exportações chinesas caíram 25% em termos homólogos, enquanto as importações recuaram 22,6%.

No período de janeiro a outubro, o comércio entre as duas maiores economias do mundo foi 15,9% inferior ao do período homólogo, com um impacto maior nas exportações chinesas (menos 17,1%) do que nas importações (menos 11,9%).

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Ainda assim, as exportações chinesas de terras raras dispararam 75% entre setembro e outubro, pondo fim a três meses consecutivos de quedas ligadas às restrições impostas por Pequim à venda destes minerais essenciais a setores como a defesa e o automóvel.

De acordo com dados oficiais, o volume de terras raras vendido pelo país asiático ao resto do mundo aumentou 74,8% em outubro face a setembro, enquanto o aumento anual foi de 47,1%.

Entretanto, o preço pelo qual foram vendidas seguiu uma tendência diferente: entre setembro e outubro, os preços duplicaram, enquanto em comparação com outubro de 2014, mais do que triplicaram.

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As limitações e a procura global refletem-se nos números acumulados do ano, com os volumes de exportação a caírem 23,3% em termos homólogos, enquanto os preços subiram 7,9%.

Os dados preliminares hoje divulgados não discriminam os números por elemento --- agregam o total de vendas de terras raras --- nem por país de destino.

Zichun Huang, analista da consultora britânica Capital Economics, explicou que, embora as tensões com os EUA "continuem a ser um entrave", a desaceleração em outubro deveu-se, na verdade, à diminuição das vendas para outros países e à valorização da moeda, que afeta a competitividade chinesa.

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O especialista aponta especificamente para a América Latina, "talvez devido aos esforços do México para conter o fluxo de importações chinesas", mas também para os dois blocos regionais que dominam os parceiros comerciais de Pequim: a Associação das Nações do Sudeste Asiático e a União Europeia.

Huang acredita que o efeito positivo do "recente 'acordo' comercial" entre Pequim e Washington será limitado, uma vez que o impacto das tarifas já vinha caindo, mas também devido à valorização do yuan resultante da redução das tensões entre as duas potências.

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