CMVM diz que risco de correção "significativa dos preços" nos mercados é elevado

Fortes valorizações das bolsas, rácios de retorno acima da tendência de longo prazo e a evolução do short-selling, no PSI, também acima da média de longo prazo, são sinais apontados pelo regulador como merecedores da atenção dos investidores.
CMVM diz que risco de 'correção significativa dos preços nos mercados' é elevado
Miguel Baltazar / Jornal de Negócios
Rui da Rocha Ferreira 13:00

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) considera que o risco de existir uma correção dos preços nos mercados financeiros é "elevado", com o regulador a colocar o "outlook" para 2026 nesta categoria como "semi-ascendente". Este é um dos destaques do .

Na análise que faz ao risco de mercado, a CMVM sublinha que tanto o índice principal português, o PSI, como os índices representativos dos mercados acionistas norte-americano e europeu (o S&P500 e o STOXX 600) valorizaram, até 31 de outubro, respetivamente, 32%, 16% e 12%.

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Apesar dos ganhos mais expressivos do PSI, a CMVM destaca que a bolsa portuguesa tem "um maior alinhamento relativo com os fundamentais económico-financeiros, face ao que sucede com os seus pares internacionais". Ainda assim, o regulador sublinha que a "significativa incerteza" do contexto geopolítico internacional "especialmente adverso" pode representar um risco para os mercados financeiros.

A CMVM destaca ainda outros dois elementos na sua análise. O Cyclically-Adjusted Price Earnings (CAPE) – um rácio que baliza o retorno dos investidores – do PSI, do S&P 500 e do Stoxx 600 está, nos três, acima das respetivas tendências de longo prazo. Também a evolução das posições a descoberto, neste caso na bolsa portuguesa, indicador que está acima da média de longo prazo, é outro sinal da aposta dos investidores na desvalorização das cotações.

Nos outros quatro indicadores de risco analisados (liquidez, crédito, conduta e operacionais), destaque para os riscos operacionais, nos quais a CMVM também vê um risco elevado e com outlook "ascendente" (os outros três estão em nível médio e com perspetiva estável para 2026). A atribuição do perfil de risco mais elevado justifica-se, acima de tudo, pela "intensificação das ameaças de cibersegurança, a crescente complexidade tecnológica e a dependência digital das instituições financeiras".

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A CMVM destaca ainda os novos riscos associados às ferramentas de inteligência artificial generativa (GenAI) como outra preocupação para os investidores e continuidade de operações das empresas do setor.

Para o tema em destaque em 2026, a CMVM ressalva os riscos geopolíticos, com preponderância para a "adoção de políticas comerciais restritivas, a volatilidade cambial e o abrandamento da procura internacional", que, segundo o regulador dos mercados financeiros, "podem impactar negativamente a valorização das carteiras, quer através da redução das margens e das receitas das empresas expostas, quer pela maior instabilidade nos mercados financeiros globais".

Na análise em jeito de antevisão para 2026, a CMVM sublinha também que apesar dos novos e acrescidos riscos para os investidores, o número de reclamações efetivas apresentadas tem, no geral, diminuído com o passar dos anos – em 2023 foram 352 as reclamações apresentadas, em 2024 foram 269 e nos primeiros seis meses de 2025 foram 138.

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