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Centeno alerta para contração económica causada por tarifas

O governador do Banco de Portugal assinala que as taxas alfandegárias são "um imposto e uma barreira à economia", alertando também para o "impacto ambíguo nos preços".    

Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, na Comissão de Orçamento e Finanças em Fevereiro de 2025
Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, na Comissão de Orçamento e Finanças em Fevereiro de 2025 Miguel Baltazar
09 de Abril de 2025 às 15:15

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, alertou esta quarta-feira para as consequências das tarifas impostas pela administração Trump, ao dizer que vão causar uma "contração da economia" e que poderão ter um "impacto ambíguo nos preços".

"As tarifas são um imposto e são uma barreira à economia, que põe de lado cinco séculos de desenvolvimento económico global", disse Centeno numa conferência em Lisboa, acrescentando que a "resposta inicial será pautada pela ineficiência, em que vamos tentar fazer as mesmas coisas com novas restrições".

Quanto aos preços, poderá haver uma compensação entre fatores que não resulte necessariamente em inflação. "Se o impacto inicial for - localmente nos setores mais afetados pelas tarifas - de um aumento nos preços", refere Centeno, por outro lado "sabemos hoje que o petróleo está a negociar perto dos 60 dólares".

O governador assinala também que já se assiste a "efeitos de compensação em alguns mercados", em que produtos que seriam destinados aos EUA estão a ser direcionados para outros países, como os bens chineses, que podem ser desviados para a União Europeia (UE).

Da mesma forma, "é possível que produtos portugueses e europeus que eram exportados para os EUA, por exemplo, sejam exportados para a China ou para outras partes do mundo", refere Centeno.  

"Isto significa que, se excluirmos os EUA, o resto do mundo tornou-se mais competitivo", considera o governador, uma vez que a "concorrência no comércio internacional é feita através do preço" e por isso "os produtos podem chegar aqui mais baratos".

Centeno é um dos governadores do BCE que vai decidir sobre o rumo das taxas de juro na reunião de política monetária que termina a 17 de abril. Numa entrevista recente, o governador não via motivos para que o BCE fizesse uma pausa no ciclo de cortes das taxas de juro, embora haja outros membros do conselho a defendê-lo.

O governador do banco central austríaco, Robert Holzmann, disse também esta quarta-feira que não vê motivos para um corte das taxas de juro por agora. A presidente do BCE, Christine Lagarde, também não deu por garantido um novo corte na última reunião devido ao cenário de incerteza.

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