Católica prevê economia a travar no 1.º trimestre e corta estimativa para 2025 com tarifas
Depois do forte crescimento do final de 2024, os analistas da Católica estimam que a economia portuguesa tenha travado a fundo, ao crescer apenas 0,2% em cadeia no primeiro trimestre. Para o conjunto deste ano, estão mais pessimistas e reviram em baixa a sua previsão para 2%, por causa das tarifas de Trump.
Os economistas da Católica estimam que a economia portuguesa tenha abrandado fortemente no arranque deste ano, ao prever um crescimento em cadeia de 0,2%, depois do aumento de 1,5% no final de 2024. Para o conjunto ano, reveem as projeções em baixa, por causa das tarifas de Trump.
"No primeiro trimestre de 2025, a economia portuguesa deverá ter crescido 0,2% em cadeia e 2,5% em termos homólogos, após o forte crescimento de 1,5% em cadeia do trimestre anterior", afirmam os economistas do NECEP, Núcleo de Estudos Económicos da Católica, numa síntese divulgada nesta quarta-feira, 9 de abril.
O crescimento esperado para a economia portuguesa é semelhante ao esperado para a Zona Euro - que deverá ter avançado apenas 0,2% no primeiro trimestre deste ano face ao último de 2024. Em termos homólogos, o crescimento antecipado para a economia dos 20 países da moeda única é de 1%.
Na nota divulgada hoje, os analistas da Católica pioram as suas previsões para o crescimento do PIB português em 2025. "O ponto central da estimativa de crescimento da economia portuguesa foi revisto em baixa em 0,2 pontos percentuais para 2% em 2025, na sequência das perturbações causadas pela política tarifária da nova administração norte-americana", explicam.
Em causa estão as novas tarifas "recíprocas" à entrada de bens feitos na UE (ou seja, também em Portugal), de 20% sobre a totalidade dos bens, e que se somam aos 25% já em vigor sobre o aço e o alumínio, que, dizem os economistas, "podem limitar o efeito de carry-over de 1,4 pontos percentuais, decorrente do elevado crescimento do final do ano passado".
Para 2026, a perspetiva é de manutenção em 2%. Para 2027, manteve-se o cenário de crescimento de 2.2%, em linha com o crescimento tendencial.
No entanto, o NECEP alerta para a incerteza em torno dos números: "Os intervalos de previsão permanecem anormalmente elevados, fruto da incerteza internacional, em especial a decorrente das referidas tarifas que poderá delapidar o crescimento em cerca de um ponto percentual nos próximos anos".
Zona Euro mais penalizada
Ainda assim, a "economia da Zona Euro deverá ter um comportamento pior" do que a economia portuguesa, admitem, ao esperar um crescimento em torno de 0,8% em 2025 e de 1,2% em 2026. "Mantém-se, assim, o risco de uma recessão suave, particularmente na Alemanha e França", frisam.
"Os efeitos financeiros e monetários dos anos da pandemia subsistem nas economias europeia e norte-americana, ora amplificados pelo cenário provável de retração do comércio internacional e pela forte concorrência chinesa em diversos setores, como são os casos da inteligência artificial ou da produção de veículos (elétricos)", explicam.
Isto numa altura em que "o processo de desinflação continua em curso". Embora em Portugal a inflação homóloga e subjacente tenha descido abaixo dos 2% em março (para 1,9%, mais precisamente), as variações em cadeia são consideradas "expressivas", embora tenham sido motivadas por efeitos sazonais. Na zona euro, a inflação total ficou-se por 2,2%, mas a subjacente continuou elevada com 2,4%.
"É de esperar que o crescimento geral dos preços se mantenha acima da meta 2% em 2025, quer em Portugal, quer na Zona Euro", antecipam.
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