“Podemos voltar aos tempos de governos de curta duração que tínhamos antes de 1987"

“O PRR devia ser menos de ‘Orçamento do Estado B’ e muito mais um plano virado para as empresas”, defendeu o comentador e conselheiro de Estado.
Bárbara Cardoso 28 de Novembro de 2023 às 19:08

"Depois das eleições [legislativas marcadas para 10 de março do próximo ano], julgo que há aqui uma certeza: provavelmente, nem do lado nem do outro dos vários hemisférios políticos, vai haver maioria absoluta, e isso coloca problemas de estabilidade e governabilidade", considerou Luís Marques Mendes, esta quarta-feira, 28 de novembro, na conferência "O Futuro: evolução das organizações na era da inteligência artificial", que está a decorrer na Fundação de Serralves, no Porto.

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"O mais provável é que o Governo da direita ou da esquerda seja minoritário, ou de maioria relativa, de um lado ou do outro. O que levanta problemas do ponto de vista da estabilidade e governabilidade. Há um risco: espero que não aconteça, mas podemos voltar aos tempos de governos de curta duração que tínhamos antes de 1987", sinalizou o comentador e conselheiro de Estado, que falava na abertura da conferência promovida pela Abreu Advogados.  

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Mas se "a incerteza veio para ficar", o que " levanta problemas para quem tem de investir e tomar decisões", para Marques Mendes deixar de investir não é solução, acreditando que até 2030 Portugal conseguirá cumprir o objetivo de 60% do peso das exportações no PIB nacional.

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Nesse sentido, defendeu, importante é "exportar e diversificar", aproveitando "a dimensão única" dos fundos estruturais.

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E foi bastante crítico sobre o desenho e a aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). "É certo que sempre tive dúvidas, diferenças ou divergências relativamente ao desenho do programa, sobretudo do PRR", sublinhou.

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"Sempre achei que devia ter uma dimensão mais de empresas e menos de Estado, devia ser menos de ‘Orçamento do Estado B’ e muito mais um plano virado para as empresas, mas neste momento o mais importante, quando há um prazo curto para isto, é tirarmos partido desta realidade, em particular das Agendas Mobilizadoras", assinalou Marques Mendes.

 

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Sobre a Inteligência Artificial, chamou-lhe "a revolução das revoluções".

 

"Não vai acontecer neste século, vai acontecer nesta década – está a acontecer", atirou.

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Uma problemática que "levanta questões éticas", porquanto há que "regular com cuidado, sem dúvida".

 

"Mas é um erro enorme fazer de conta que esta não é a mudança das nossas vidas, e vai ser em todos os setores", alertou.

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Um exemplo: "No setor da saúde pode trazer uma mudança enorme. Estudos apontam que a Inteligência Artificial nesta área da saúde pode ajudar, dentro de poucos anos, a curar qualquer tipo de cancro na nossa sociedade."

 

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"Mas em todas as áreas a Inteligência Artificial vai ser maior do que a antiga revolução industrial", sublinhou, concluindo que estamos perante "a revolução dos nossos dias".

 

* Texto editado por Rui Neves

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