“Podemos voltar aos tempos de governos de curta duração que tínhamos antes de 1987"
"Depois das eleições [legislativas marcadas para 10 de março do próximo ano], julgo que há aqui uma certeza: provavelmente, nem do lado nem do outro dos vários hemisférios políticos, vai haver maioria absoluta, e isso coloca problemas de estabilidade e governabilidade", considerou Luís Marques Mendes, esta quarta-feira, 28 de novembro, na conferência "O Futuro: evolução das organizações na era da inteligência artificial", que está a decorrer na Fundação de Serralves, no Porto.
PUB
"O mais provável é que o Governo da direita ou da esquerda seja minoritário, ou de maioria relativa, de um lado ou do outro. O que levanta problemas do ponto de vista da estabilidade e governabilidade. Há um risco: espero que não aconteça, mas podemos voltar aos tempos de governos de curta duração que tínhamos antes de 1987", sinalizou o comentador e conselheiro de Estado, que falava na abertura da conferência promovida pela Abreu Advogados.
PUB
Mas se "a incerteza veio para ficar", o que " levanta problemas para quem tem de investir e tomar decisões", para Marques Mendes deixar de investir não é solução, acreditando que até 2030 Portugal conseguirá cumprir o objetivo de 60% do peso das exportações no PIB nacional.
PUB
Nesse sentido, defendeu, importante é "exportar e diversificar", aproveitando "a dimensão única" dos fundos estruturais.
PUB
E foi bastante crítico sobre o desenho e a aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). "É certo que sempre tive dúvidas, diferenças ou divergências relativamente ao desenho do programa, sobretudo do PRR", sublinhou.
PUB
"Sempre achei que devia ter uma dimensão mais de empresas e menos de Estado, devia ser menos de ‘Orçamento do Estado B’ e muito mais um plano virado para as empresas, mas neste momento o mais importante, quando há um prazo curto para isto, é tirarmos partido desta realidade, em particular das Agendas Mobilizadoras", assinalou Marques Mendes.
PUB
Sobre a Inteligência Artificial, chamou-lhe "a revolução das revoluções".
"Não vai acontecer neste século, vai acontecer nesta década – está a acontecer", atirou.
PUB
Uma problemática que "levanta questões éticas", porquanto há que "regular com cuidado, sem dúvida".
"Mas é um erro enorme fazer de conta que esta não é a mudança das nossas vidas, e vai ser em todos os setores", alertou.
PUB
Um exemplo: "No setor da saúde pode trazer uma mudança enorme. Estudos apontam que a Inteligência Artificial nesta área da saúde pode ajudar, dentro de poucos anos, a curar qualquer tipo de cancro na nossa sociedade."
PUB
"Mas em todas as áreas a Inteligência Artificial vai ser maior do que a antiga revolução industrial", sublinhou, concluindo que estamos perante "a revolução dos nossos dias".
* Texto editado por Rui Neves
PUB
Mais lidas
O Negócios recomenda