Produtores de leite rejeitam descidas em "preço de sobrevivência"
A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) manifestou-se, esta quarta-feira, contra uma eventual descida do valor pago à produção, sustentando que se trata de um "preço de sobrevivência" que cobre basicamente as despesas correntes, que figura, aliás, como um dos mais baixos da União Europeia (UE).
Em comunicado, enviado às redações, a Aprolep explica que o alerta surge depois de, nas últimas semanas, os produtores de leite terem sido confrontados com "notícias de descidas de preço registadas no mercado internacional de produtos lácteos e no preço ao produtor em países do Norte da Europa, que alegadamente justificariam alterações do preço do leite em Portugal".
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Algo que, a seu ver, "não faz sentido", na medida em que "é preciso ter presente que o preço no Norte da Europa, ao longo dos últimos dois anos, foi muito superior aos dos produtores portugueses", como, de resto, diz ter alertado em "várias ocasiões".
"Considerando que o destino da maior parte do leite e produtos lácteos transformados em Portugal é essencialmente o mercado interno ou ibérico e que foi com base nesse argumento que o preço em Portugal não acompanhou as subidas a nível europeu, não faz agora sentido que os compradores usem essa justificação para impor uma descida", sublinha.
Segundo a Aprolep, ao longo do ano de 2025, a produção de leite em Portugal manteve-se estável tanto em quantidade como nos preços pagos aos produtores: "Começamos o ano com um preço médio de 45,8 cêntimos/kg, o mais baixo entre os 27 Estados-membros da UE, cerca de 9 cêntimos abaixo da média comunitária e com uma diferença sempre significativa para Espanha, nosso país vizinho e parceiro do mercado ibérico que diretamente mais nos afeta".
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E, ao longo do ano, "tanto em comunicados como em reuniões com responsáveis da indústria, da distribuição e do governo, a Aprolep expressou de forma clara que esse preço 'de sobrevivência' permitiu, regra geral, cobrir as despesas correntes, mas não gerou margem suficiente para investimentos indispensáveis, nomeadamente modernização das vacarias, automatização de ordenha e alimentação, e melhorias no bem-estar animal e na sustentabilidade ambiental".
"A 'estabilidade' adotada pelos compradores tem de valer em todos os momentos e não servir apenas para penalizar os produtores. Só assim será possível dar esperança às novas gerações e aos que resistem na atividade para manter a soberania alimentar nacional, reduzir a dependência de importações, proteger o emprego no meio rural e manter o território cultivado e livre de incêndios", frisa.
E, neste sentido, "é fundamental que indústria e distribuição assumam um compromisso para que o leite português continue a ser competitivo e sustentável. Assegurar um preço justo ao produtor não é um custo".
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