"Pensar como uma empresa, agir como uma ONG"

O Projecto "Marias" começou com três residentes do bairro da Cova da Moura, na Amadora, e hoje já conta com 40 profissionais qualificados para 75 clientes. E o objectivo é expandir.
Ana Torres Pereira 30 de Novembro de 2012 às 11:00

"A necessidade faz o engenho". Este provérbio popular serve que nem uma luva para o Projecto "Marias". Nasceu no bairro da Cova da Moura, na Amadora, em 2010, e hoje o objectivo é expandir o grupo de "Marias" por mais lares portugueses fora da área da Grande Lisboa. Mas a expansão não lhes tira o foco: "pensar como uma empresa, agir como uma ONG (Organização Não Governamental)"

A Iniciativa Bairros Críticos foi a incubadora deste projecto. Gustavo Brito, que então trabalhava no bairro da Cova da Moura, confrontou-se com duas realidades: pessoas que chegavam ao gabinete de inserção com competências em serviços domésticos; e um conjunto de amigos que procurava pessoas que prestassem esses serviços domésticos e que fossem de confiança. No entanto, estas profissionais, por diversos motivos, não chegavam ao mercado de trabalho e os potenciais clientes também tinham dificuldade de encontrar o que procuravam. Passados dois anos, o projecto está em crescimento, conseguindo unir estas duas realidades. Actualmente já existem 40 "Marias" que respondem aos requisitos de 75 clientes.

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Para dar maior organização e uma gestão mais profissional ao projecto, o "Marias" passou a ser gerido pela Fundação Pressley Ridge, que é responsável pelo recrutamento, dá formação e trata dos contratos, entregando o serviço em formato final. "A parte burocrática deixou de existir, no início a maioria das senhoras não tinha seguro de trabalho, a Segurança Social era paga pelas senhoras", contou Raquel Santiago, gestora do projecto.

Hoje, a equipa conta com 39 mulheres e um homem, mas Raquel Santiago sublinha que o objectivo é crescer a rede. "A dificuldade é encontrar pessoas qualificadas nesta área de serviços", acrescentou. A responsável confirma que o aumento do desemprego fez com que fossem procurados por muito mais pessoas à procura de emprego. "Somos contactados por muitas pessoas de várias profissões, até jornalistas, que não têm qualificação nos serviços. Mas não podemos abrir excepção", referiu. O Projecto "Marias" apenas admite pessoas com experiência na área dos serviços, com pelo menos duas referências.

Contudo, a conjuntura adversa também se está a fazer sentir neste negócio. Raquel Santiago contou que em Novembro "diminuíram os telefonemas e os pedidos", mas o objectivo é atingir o "break even" rapidamente. Para isso, o Projecto terá que atingir as 67 Marias, com 172 clientes, meta que poderá ser alcançada daqui a um ano, com receitas mensais de 2.400 euros, que serão suficientes para cobrir os custos. Raquel Santiago é firme em dizer: "O nosso plano B é crescer ainda mais".

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Para isso, o Projecto "Marias" está a planear novas ilhas de recrutamento, para alargar a geografia para além da grande Lisboa.

No futuro, as "Marias" mais antigas, pouco a pouco, vão saindo do Projecto, rumando em direcção à autonomia. Para isso, a fundação Pressley Ridge também preparou um "coaching" para as ajudar neste processo.

Esta iniciativa tem sido apoiada pela Fundação EDP e pelo Credite EGS com um total de 53 mil euros. Nos últimos 11 meses, o Projecto "Marias" facturou 103.362 euros, ambicionando chegar ao "break even" com 575 mil euros.

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Onde?

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Tudo começou no bairro da Cova da Moura, na Amadora, hoje o projecto mantém-se na cidade, mas no Casal da Mira.

O quê?

As 'Marias' são empregadas domésticas "tradicionais" e o projecto ajuda no seu recrutamento, forma-as e dá a opção de escolha aos clientes.

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Quantos?

Já são 40 "Marias", com 75 clientes.

Replicar o projecto

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O objectivo é replicar o projecto por outros núcleos fora de Lisboa e encontrar mais "Marias" com qualificação.

 

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