Portugueses têm “atitude positiva” face ao empreendedorismo mas têm medo de arriscar

Os portugueses têm uma “atitude positiva” face ao empreendedorismo mas o medo de falharem é um obstáculo à tomada de iniciativa.
Ana Laranjeiro 21 de Janeiro de 2014 às 16:21

Criar o próprio emprego é uma ideia que agrada aos portugueses. Porém, os cidadãos não estão muito receptivos a enfrentar os riscos que lhe estão associados.

 

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O "Relatório Global de Empreendedorismo", da multinacional de vendas directas Amway, relativo a 2013, mostra que 61% dos portugueses inquiridos manifestaram uma atitude positiva perante a hipótese de criarem o seu próprio emprego. "Mas apenas 32% se imagina a iniciar" um negócio.

 

Em termos internacionais, a "atitude positiva" perante o empreendedorismo sobe para 70% e 39% dos inquiridos admiten criar o seu próprio negócios.

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Portugueses têm uma "elevada aversão ao risco"

 

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Cerca de 83% dos portugueses (mais 13 pontos percentuais do que a média internacional) que participaram neste estudo aponta o medo de falhar como o principal obstáculo para não iniciar um negócio próprio.

 

Entre 2012 (primeiro ano que o estudo abrangeu Portugal) e 2013, verificou-se uma diminuição de 6% no indicador relativo à atitude positiva face ao empreendedorismo. "As principais diferenças que detectámos [entre 2012 e 2013] é que a atitude positiva em relação ao empreendedorismo (...) diminuiu", explicou ao Negócios Monica Milone, directora geral da Amway Portugal e Espanha. "Na nossa visão, a crise económica teve num papel" nesse decréscimo "porque notamos o mesmo em todos os países da Europa do Sul", acrescentou a responsável.

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Já Rui Baptista, professor catedrático de empreendedorismo internacional na londrina Brunel Business School, considera que os portugueses têm uma "aversão ao risco elevada". Ao Negócios, após a apresentação deste relatório, o catedrático defendeu que "existe uma resistência à complexidade do crescimento da empresa" em Portugal e que as pessoas podem ficar com uma "mancha no currículo" depois de falharem como empresárias ou como empreendedoras. "Nesse aspecto, Portugal não é muito diferente da Europa do Sul e mesmo da Europa do Norte, mas é radicalmente diferente dos Estados Unidos", afirma.

 

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O facto de os portugueses quererem ser patrões de si mesmos é um dos motivos que levou 44% dos participantes nacionais neste estudo a demonstrar uma "atitude positiva" face ao empreendedorismo.

 

Alemanha pouco empreendedora

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Dinamarca, Finlândia, Austrália e Colômbia são os países que apresentam uma maior atitude positiva perante o empreendedorismo. Já a Alemanha, a par de países como a Aústria e os Estados Unidos encontram-se do lado dos que apresentam uma menor apetência para temas relacionados com o empreendedorismo. Rui Baptista defende que a “Alemanha é um país de grandes empresas”, daí que não seja totalmente surpreendente que não esteja no leque de países com grande iniciativa.

 

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"É um país que criou competências ao nível da engenharia e do design muito elevadas, que permitem ter sucesso de exportação com base na marca e na qualidade dos produtos. Portanto, tem sucesso com base em indústrias tradicionais. Não tem tido necessidade de inovar o tecido industrial tanto como outras" economias, explicou.  

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Rui Baptista traça um perfil do empreendedor português como sendo uma pessoa com cerca de 40 anos de idade e com uma experiência profissional que ronda cerca de dez anos.

 

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“Não tem necessariamente educação superior, antes pelo contrário, mas aprendeu um oficio, uma especialidade. Diria que o protótipo do empreendedor português é algo que encontramos, por exemplo, no [sector dos] moldes na Marinha Grande”, refere o professor catedrático de empreendedorismo internacional na Brunel Business School. 

 

O responsável explica que, em muitos casos, as pessoas que criam empresas são as mesmas que já trabalharam em empresas da mesma área e que aprenderam “um ofício e depois criaram uma pequena empresa baseada nessa especialidade”.

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Esses empreendedores “conhecem a indústria, conhecem os clientes e os fornecedores, sabe a quem é que vão vender, sabe qual é a sua competência  especifica. O problema é a partir daí”, acrescenta, sustentando que, nessa fase, começa “a resistência a crescer, a diversificar, a procurar coisas novas”.

 

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Segundo Rui Baptista, a tendência dos empreendedores nacionais é para serem cada vez mais novos, porém, neste momento, são mais velhos que a média europeia e norte-americana e menos educados. 

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