Portugal será sempre um país periférico na produção de carros
João Falcão Neves, um português que assumiu os comandos do gigante norte-americano em Portugal, substituindo o espanhol Guillermo Sarmiento, salienta que o regresso da GM à produção de carros "é uma hipótese que existe sempre", mas que "Portugal é e será sempre um país periférico".
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O responsável acrescenta que a crise nos países do sul da Europa afastou as marcas para mercados "onde há maior capacidade industrial e baixo custo", como a Europa central, de leste e Rússia.
"Até haver uma recuperação dos mercados do sul, diria que não são os ideais para localizar uma fábrica", adianta ainda.
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Quanto ao mercado português em termos de vendas, João Falcão Neves considera que não existe o risco de Portugal "ficar sem representação de algumas marcas" nem que se esteja numa fase "em que as marcas tenham de abandonar o país", apesar da crise.
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No entanto, sublinha o responsável da Opel, vai ter que continuar a haver um ajustamento. "Há duas formas de ajustar: uma é ajustar-se ao mercado que existe e que se pensa que vai continuar a existir e outra é ajustar-se ao mercado que existe, mas preparando-se para quando houver uma retoma".
Para João Falcão Neves, o sector automóvel "seria sempre uma vítima de qualquer efeito de reajuste na economia portuguesa" e, acrescenta, o preço de uma balança comercial mais equilibrada, muito à custa da queda na importação de carros, é "um desemprego muito elevado gerado por todas as redes de concessionários e reparadores no país".
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Apesar de um cenário sombrio, o director-geral da GM acredita na retoma, embora sem os valores de vendas conseguidos em anos anteriores em que se chegou quase aos 300 mil carros. Este ano muito, provavelmente, não chegará aos 100 mil veículos.
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"Faz sentido em Portugal trocar de carro de dois em dois anos como era 'standard'? Talvez não. Não temos dinheiro para isso. Precisamos de andar com o mesmo carro durante dez anos? Também acho que não", observa.
João Falcão Neves refere que actualmente "o consumidor está muito confuso sobre o que vai ser o seu futuro", porque "mesmo quem tem dinheiro não o gasta sem perceber se vai precisar dele".
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Questionado sobre as opções do Governo em relação aos temas que afectam a indústria automóvel, o responsável da Opel diz compreender "a necessidade de ajustar ou de equilibrar a balança comercial e, independentemente daquilo que o Governo faça ou deixe de fazer, o consumidor de, uma forma geral, ganhou uma consciência da sua própria situação que até há uns tempos não tinha".
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