Acordo UE-EUA pode incluir quotas e créditos para o setor automóvel
Os dois blocos económicos parecem estar de acordo pelo menos no objetivo de baixar as atuais tarifas existente neste setor.
As negociações de bastidores entre a União Europeia (UE) e os EUA prosseguem, com a agência Reuters a avançar que os blocos estão a trabalhar especificamente sobre o setor automóvel. Segundo as informações apuradas pela agência noticiosa, o acordo entre as partes deverá contemplar a definição de quotas de importação da parte dos EUA e também um sistema de créditos, com o objetivo de evitar penalizar as fabricantes europeias.
No que às quotas diz respeito, o objetivo será estabelecer um valor de exportação em linha com aquele que já é o volume habitual de envio de carros europeus para os EUA. Segundo dados da associação automóvel europeia ACEA, em 2024, a Europa exportou 758 mil automóveis para os EUA, num valor de 38,9 mil milhões de euros (quatro vezes superior ao importado daquele país).
Se o acordo for semelhante ao firmado entre os EUA e o Reino Unido, aos veículos vendidos dentro da quota estabelecida deverá ser aplicada uma taxa mínima (ainda a definir para a UE, mas de 10% para o Reino Unido), com apenas os veículos vendidos acima dessa quota a serem taxados de forma mais severa. Segundo a Reuters, a administração Trump não está, de momento, muito inclinada para esta opção.
Já quanto aos créditos, o sistema funcionaria ao estilo de balança comercial. O que está a ser discutido é a possibilidade de as marcas europeias que têm fábricas nos EUA (como a BMW, Mercedes e Volkswagen) usarem as exportações feitas a partir do país para ganhar créditos sobre as importações europeias. Enquanto o envio de carros para os EUA ficar dentro do valor das exportações feitas a partir do país, poderiam não ser aplicadas tarifas ou então uma tarifa mínima que vier a ser negociada. Só depois de ultrapassado este crédito é que seria aplicada uma tarifa superior.
Segundo a Reuters, parece haver pelo menos um ponto de entendimento entre as partes, com a UE e os EUA a procurarem baixar as atuais tarifas aplicadas ao setor automóvel: 10% para os veículos exportados pelos EUA, 27,5% aos exportados pela UE.
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