Novo Banco? “Foi uma questão de preço. Se fosse dado...”, BCP queria
O BCP já foi muito maior, mas teve de encolher com a crise financeira. Mantém três eixos, em Portugal, na Polónia e em Moçambique, o que “ajuda a ter um portfolio mais equilibrado”. O crescimento do banco será feito por via orgânica, ainda que Miguel Maya não afaste a análise de eventuais oportunidades. Foi nessa base que o Novo Banco foi avaliado, mas o preço foi um travão.
O CEO do BCP lembrou que o banco pediu 3 mil milhões de euros de “apoio do Estado, em boa hora, mesmo com todas as consequências. Isso obrigou a disciplina. Obrigou a largar portfolio. Saímos de uma série de geografias para alocar [recursos ]onde tínhamos maior vantagem”.
PUB
Passada essa fase, com a recuperação do banco, faz sentido voltar a expandir horizontes? “Diria que é uma questão de prioridades. O que faz sentido ao BCP é continuar a crescer. E o crescimento desde a primeira hora é orgânico”, atirou o responsável na conferência “Banca do Futuro”, organizada pelo Negócios.
“O crescimento do banco é via orgânica”, mas “não afasto hipótese de coisa nenhuma. Tudo tem de ser analisado”, disse. E o Novo Banco foi analisado pelo BCP. O “BCP analisou a operação”. “Foi uma questão de preço... se fosse dado... tudo tem um preço”, atirou. “Para o que era o interesse do BCP, não se justificava. O preço e o que tínhamos de fazer para o integrar”, não compensavam.
A venda ao BPCE por um valor de 6,4 mil milhões de euros foi, na perspetiva do CEO do BCP, "a opção correta". Questionado sobre se a alienação a um player fora do mercado permitiu ao BCP respirar de alívio, Maya atirou: "o fututo do BCP depende de nós, não dos outros".
PUB
Portugal é a principal geografia do BCP que tem na Polónia um banco com um elevado potencial, após anos de crise por causa dos créditos concedidos em francos suíços. Maya nota que “quando assumi [a liderança do BCP], tínhamos zero [de provisões] para estes riscos. Fizemos mais de 3 mil milhões de euros” em provisões para dar resposta a este problema.
“Hoje o que temos de provisões face aos créditos em francos suíços é de 150%” das responsabilidades. “As provisões do último trimestre já foram inferiores às do trimestre anterior. E o número de processos em tribunal é menor”. O “risco hoje já não condiciona a capacidade de o banco gerar resultados positivos na Polónia”, diz.
PUB
Este mercado, com mais de 40 milhões de habitantes, tem um “potencial de crescimento interessante”. “É um mercado onde temos condições para crescer de forma significativa”, diz Maya, acreditando que o Bank Millennium passará a ser fonte de aumento dos resultados do banco.
A perspetiva de Miguel Maya é positiva, estando assente num desempenho recente que é revelador do trabalho que tem vindo a ser feito e que, agora, começa a dar frutos para os acionistas.
PUB
“Apresentámos um plano estratégico ao mercado. A conjuntura mudou, mas mesmo assim conseguimos implementar o que nos propusemos”, disse Maya, que assegura que o banco está em condições para cumprir com o pagamento da remuneração aos acionistas.
“O que nos comprometemos é ter um dividendo com um ‘payout’ de 50% e a realizar um share buyback equivalente a 25% [dos resultados]”, afirmou quando questionado sobre um reforço dos dividendos. “A minha convicção é que o que apresentámos tem todas as condições para ser cumprido”, disse.
Mais lidas
O Negócios recomenda