Rendibilidade da banca nacional encolhe, mas está no top 10 da Europa
A rendibilidade do sistema bancário português caiu no primeiro semestre do ano, refletindo a queda da margem financeira, pressionada pelos juros do Banco Central Europeu. Os dados são do Banco de Portugal (BdP) segundo o qual a rendibilidade do ativo (ROA) caiu 0,11 pontos percentuais (pp) para 1,36% e a rendibilidade dos capitais próprios (ROE) desceu 1,44 pp para 14,85%.
“A menor rendibilidade refletiu a redução da margem financeira, devido à diminuição de juros recebidos em empréstimos ao setor privado não financeiro, refletindo o efeito preço. Em sentido contrário, destacou-se a redução de provisões”, explica o regulador num relatório sobre o sistema bancário.
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Ainda assim, segundo dados publicados nesta quinta-feira pela Autoridade Bancária europeia (EBA, na sigla inglesa) e reportados pela Lusa, a banca nacional teve a sétima maior rentabilidade dos capitais próprios entre 30 países europeus no segundo trimestre deste ano, segundo dados da Autoridade Bancária Europeia reportados pela agência Lusa.
Relatório "Sistema bancário português"
Com rentabilidade acima de Portugal, entre abril e junho, ficaram os sistemas bancários de Polónia (19,2%), Roménia (18,6%), Lituânia e Bulgária (18% cada), Croácia (17,9%) e Hungria (17,7%). A média da rentabilidade dos 30 países analisados foi de 10,7%.
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“A redução do resultado de exploração, em percentagem do ativo médio, para 1,75% (-0,36 pp), resultou da redução da margem financeira, mas também do aumento do ativo médio”, continua o supervisor no relatório publicado nesta sexta-feira.
Já o custo do risco de crédito fixou-se em 0,10%, uma redução homóloga de 0,02 pp, “justificada pela diminuição das perdas por imparidades de crédito”.
O rácio de transformação, que mede a relação entre crédito e depósitos, subiu graças à subida dos empréstimos. Aumentou 0,5 pontos para 75,4%, “refletindo o aumento dos empréstimos a clientes (2,0%), que é superior ao aumento dos depósitos de clientes (1,3%)”.
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A garantia pública no crédito à habitação terá dado o seu contributo, dado que entre janeiro e junho foram celebrados 10.500 empréstimos para a compra de casa ao abrigo deste regime, no montante global de dois mil milhões de euros.
“Estes contratos corresponderam a 13% do número total e a 17% do montante total concedido”, sublinha o supervisor.
No universo total de crédito para aquisição de habitação própria e permanente, estes empréstimos disponíveis para jovens até aos 35 anos representaram 21% dos contratos e 23% do volume de crédito. “Neste período, 53% dos novos contratos celebrados por mutuários elegíveis recorreram à garantia, representando 56% do montante concedido a este segmento”, complementa o BdP.
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O valor médio dos contratos celebrados com garantia pública atingiu 194 mil euros. “Trata-se de um valor superior ao montante médio de 180 mil euros observado para o crédito a mutuários elegíveis que não recorreram à garantia e de 151 mil euros observado para o total do crédito à habitação”.
O Loan-To-Value (LTV) médio foi, sem surpresa, de 99% - o objetivo da medida é exatamente permitir o financiamento do valor total de cada operação. É um LTV superior aos 82% observados para os mutuários elegíveis que não aderiram ao regime. O LTV médio do total do crédito à habitação aproximou-se dos 75%,.
Em junho, a taxa de esforço dos mutuários com garantia foi de 35%, quatro pontos percentuais acima da média do total das novas operações de crédito à habitação e cinco pontos superior à dos mutuários elegíveis que não recorreram à garantia.
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A maturidade média dos novos contratos abrangidos pela medida está nos 37 anos e oito meses, “um ano acima da dos contratos celebrados por mutuários elegíveis que não aderiram a esta medida. O total dos contratos de crédito à habitação apresentou uma maturidade média de 31 anos e oito meses”, conclui o supervisor bancário.
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