S&P diz que banca italiana pode beneficiar de eurocepticismo

A agência de rating considera que os desafios criados pelo Brexit e pelo cepticismo em relação ao projecto europeu podem dar força ao Governo de Matteo Renzi para negociar com Bruxelas soluções alternativas às novas regras de resgate bancário.
REUTERS
Paulo Zacarias Gomes 12 de Julho de 2016 às 19:26

A agência de notação financeira Standard&Poor’s considera que o sentimento de incerteza criado com a saída do Reino Unido da União Europeia e o aumento do eurocepticismo pode dar argumentos ao Governo italiano para avançar com o resgate público aos bancos do país.

PUB

"As regras europeias de ajuda pública, que requerem o envolvimento explícito do sector privado para reduzir ou evitar o uso de fundos públicos, reduzem significativamente a capacidade dos governos para dar apoio incondicional aos bancos em stress", refere um relatório publicado esta terça-feira e citado pelo Financial Times.

"Mesmo assim, acreditamos que o crescimento do eurocepticismo em vários países, e a incerteza em relação às consequências económicas e financeiras da saída do Reino Unido da UE no referendo de Junho podem dar ao Governo italiano algum poder de negociação nas discussões em curso [entre Roma e Bruxelas]", acrescenta o mesmo documento.

PUB

O governo italiano, liderado por Matteo Renzi (na foto), mostrou-se no início do mês disposto a contornar as regras da União Bancária e a recapitalizar a sua banca de forma unilateral sem sacrificar os credores privados, procurando resolver o nível elevado de malparado, que ascende aos 360 mil milhões de euros.

Uma solução que iria ao arrepio das novas regras de resolução para o sector bancário, que pretendem colocar os contribuintes fora das soluções de resgate às instituições - como aconteceu nos últimos anos - e comprometer apenas os accionistas, os obrigacionistas e grandes depositantes. 

PUB

Itália estará a argumentar que, ao abrigo das regras de resolução da União Bancária - que permitem aos governos financiar bancos caso estes revelem falhas de capital nos testes de stress - não deverá haver custos para os obrigacionistas, porque as regras não forçam a partilha de encargos sobre perdas hipotéticas. Mas admitiu, em último caso, agir unilateralmente para pôr em prática o programa de recapitalização com financiamento público.

Esta terça-feira, o ministro das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan, e a chanceler alemã, Angela Merkel, mostraram-se confiantes numa solução para a banca italiana.

PUB
Pub
Pub
Pub