Teixeira dos Santos considera que portugueses "vão pagar factura" da venda do Novo Banco
Em entrevista ao Dinheiro Vivo/ Diário de Notícias e rádio TSF, a ser divulgada na íntegra no domingo, Fernando Teixeira dos Santos disse "não ter dúvidas de que todas as perdas que resultem da operação "serão pagas pelos portugueses".
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"Vamos todos pagar isto. Este é um encargo que vai ser repercutido nos cidadãos", sublinhou o ex-ministro das Finanças e actual presidente do banco BIC.
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O processo de venda do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star está na fase final e a assinatura será feita esta semana, confirmou na quarta-feira o ministro das Finanças, Mário Centeno, em Londres.
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Apesar de, enquanto ministro das Finanças ter decidido, em 2008, nacionalizar o BPN, Teixeira dos Santos considerou que essa opção é errada para o Novo Banco.
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"É certo que tudo o que forem perdas imputadas ao processo [de venda do Novo Banco] vão estar no Fundo de Resolução. E esse é um encargo que os bancos vão ter que suportar nos próximos 30 anos e que vão ser repercutidos nos cidadãos", afirmou.
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De acordo com o presidente do BIC, "na altura em que o BPN foi nacionalizado não havia instrumentos jurídicos de intervenção que estavam disponíveis quando foi a resolução do BES".
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"A nacionalização era o possível à luz do quadro legal existente", frisou.
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Na entrevista, Teixeira dos Santos disse que é "a favor da venda do Novo Banco", mas alertou para os perigos, salientando que, na prática, o "Estado está a dar uma garantia ainda que com outro nome".
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"Quando a venda à Lone Star foi anunciada dizia-se que o fundo queria uma garantia do Estado para acautelar algumas contingências que pudessem vir a afetar o valor do Novo Banco. A solução em que o Estado mantém 25% da participação no banco e é um parceiro mudo, sem qualquer interferência na gestão nem sequer com direito de voto, é uma forma de partilhar um risco da operação, ou seja, é uma forma de garantir que o Estado vai suportar, por essa via, aquilo que possam vir a ser vicissitudes no futuro do Novo Banco", sublinhou.
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Segundo Teixeira dos Santos, "não faz sentido o Estado não ter direito de voto".
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Na entrevista, o ex-ministro das Finanças disse que a nacionalização do Novo Banco "não faz sentido", até porque os desafios que o banco tem pela frente são grandes.
"Fala-se em fecho de balcões, redução de pessoal e não me parece que, se o banco ficar na posse do Estado, pudesse levar a cabo um plano de reestruturação e de ganho de eficiência que seria necessário", disse.
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O Novo Banco é o banco de transição que ficou com os activos menos problemáticos do Banco Espírito Santo (BES), alvo de uma intervenção das autoridades em 03 de agosto de 2014, e que está em processo de venda.
Desde Fevereiro que o Governo está a negociar a venda do Novo Banco em exclusivo com o fundo norte-americano Lone Star.
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Por acordo com a Comissão Europeia, o Novo Banco tem de ser vendido até ao verão deste ano.
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