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BES/GES: Ex-diretora financeira nega ter acompanhado sociedade usada para delapidar banco

No julgamento, em Lisboa, a ex-diretora do Departamento Financeiro, de Mercados e de Estudos (DFME) do Banco Espírito Santo (BES), Isabel Almeida sublinhou que as questões da Eurofin eram tratadas por outros elementos do departamento

Ricardo Salgado
Ricardo Salgado lusa
20 de Outubro de 2025 às 18:19

Uma ex-diretora financeira do BES, acusada no processo do colapso do banco, garantiu esta segunda-feira que "não acompanhava" a atividade de uma sociedade alegadamente usada para delapidar a instituição, apesar de ter recebido 'e-mails' sobre o assunto.

No julgamento, em Lisboa, a ex-diretora do Departamento Financeiro, de Mercados e de Estudos (DFME) do Banco Espírito Santo (BES), Isabel Almeida sublinhou que as questões da Eurofin eram tratadas por outros elementos do DFME, diretamente com o então administrador financeiro Amílcar Morais Pires, também arguidos, sem que a dirigente interviesse nos processos.

"Os temas relacionados com a Eurofin eram temas tratados diretamente pelo doutor Morais Pires com os responsáveis das áreas. No meu tempo, foram o doutor Pedro Costa e o doutor António Soares", afirmou a ex-diretora financeira.

Confrontada pelo Ministério Público com 'e-mails' a si dirigidos por estes subordinados, de 2005 a 2012, com questões da esfera daquela sociedade suíça, Isabel Almeida assegurou não conseguir "decifrar, explicar, enquadrar" o conteúdo das mensagens trocadas.

"Tenho razoável memória sobre diversos assuntos, diversos temas, sobretudo aqueles em que eu estava envolvida à data. Agora, muito pouco daquilo faz sentido", insistiu, sustentando que "não era pontualmente chamada, era pontualmente referenciada".

Perante a perplexidade expressa pela presidente do coletivo de juízes, Helena Susano, por a arguida não saber o que cada pessoa fazia "dentro do seu departamento", a antiga diretora do DFME do BES reiterou que "a Eurofin não era o tema principal da atividade" dos seus subordinados e "estava devidamente enquadrada com o doutor Morais Pires".

Isabel Almeida admitiu, ainda assim, que sabia que a Eurofin se financiava "com uma linha de crédito que tinha junto" do Grupo Espírito Santo (GES), apelidada 'our friends' ('nossos amigos', em inglês), e que o assunto passava por si quando a sociedade comunicava algum desequilíbrio.

O processo principal da falência do BES/GES, ocorrida em 2014, conta atualmente com 18 arguidos, incluindo o ex-presidente do banco, Ricardo Salgado, de 81 anos e doente de Alzheimer.

O Ministério Público estima que os atos alegadamente praticados entre 2009 e 2014 pelos ex-quadros do BES e de outras entidades do GES tenham causado prejuízos de 11,8 mil milhões de euros ao banco e ao grupo.

Em causa estão crimes de associação criminosa, corrupção no setor privada e burla qualificada, entre outros.

O julgamento decorre desde 15 de outubro de 2024 no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

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