Invasão da Ucrânia não ameaça estabilidade financeira. EBA avisa para efeitos secundários
No final de 2021, os ativos de bancos europeus com ligações à Rússia totalizaram 76 mil milhões de euros e à Ucrânia 11 mil milhões. Os bancos na Áustria, França e Itália reportaram maior volume de exposição a contrapartes russos.
A estabilidade financeira nos bancos da União Europeia (UE) não está em risco devido à invasão da Rússia à Ucrânia. A conclusão é da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) após analisar a exposição do setor ao conflito. Apesar das implicações imediatas não preocuparem, o supervisor avisa para eventuais efeitos secundários.
"A primeira fase de riscos decorrentes da invasão da Rússia à Ucrânia não é uma ameaça fundamental à estabilidade financeira do sistema bancário da UE, mas um segundo ciclo de efeitos pode ser mais material", refere a EBA, num relatório divulgado esta sexta-feira. Indica que há "impactos diretos limitados" para a banca europeia, mas "aponta claros riscos de médio prazo".
A exposição acontece primeiramente através das subsidiárias. Há, contudo, vários bancos que têm exposição direta com escritórios ou, do lado do negócio, ligações mais profundas através da gestão de ativos, banca de investimento ou banca privada. "A exposição direta de ativos da banca à Rússia e Ucrânia está concentrada em apenas alguns países e num número limitado de bancos", revela.
No final de 2021, os ativos com ligações à Rússia totalizaram 76 mil milhões de euros e à Ucrânia 11 mil milhões. "Os bancos na Áustria, França e Itália reportaram maior volume de exposição a contrapartes russos. Bancos austríacos, franceses e húngaros eram os que tinham maior exposição à Ucrânia".
Ativos com exposição ao conflito concentrados em poucos países
A invasão da Rússia tem tido pesadas consequências para a população, a sociedade e a economia ucranianas, tendo levado a uma escalada das tensões geopolíticas globais e à aplicação de sanções económicas e financeiras sem precedentes pelos EUA, Europa e outros países ocidentais. A Rússia também avançou com contra-medidas.
"É esperado que a guerra e as suas repercussões tenham impactos diretos e indiretos nos bancos da UE e zona euro", diz a EBA. O supervisor explica que, numa primeira fase, estas consequências estão associadas à exposição das instituições financeiras aos contrapartes domiciliados na Rússia, Bielorrússia e Ucrânia, mas também à subida da volatilidade e dos prémios de risco com reapreciação do valor dos ativos.
Tendo em conta a reduzida ligação à Bielorrússia e a limitada exposição direta, a EBA focou-se na Rússia e Ucrânia, bem como em efeitos secundários. "Uma segunda ronda de efeitos é mais preocupante da perspetiva da estabilidade financeira. Os principais condutores dessas preocupações são o atual nível de incerteza sobre os resultados da guerra na Ucrânia e o impacto potencialmente mais alargado para a economia da UE e global", refere o relatório.
A deterioração direta do crescimento económico, incluindo o impacto orçamental, as sanções, os ciberriscos e as perturbações de longo prazo nas cadeias de abastecimento são os principais fatores de risco que a EBA está a acompanhar.
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