Renovação da cúpula do Banco de Portugal avança
Vários meses após o início do processo de renovação da administração do Banco de Portugal, os novos gestores vão ao Parlamento. Só faltam os relatórios para as nomeações.
Há pelo menos quatro meses que o governador do Banco de Portugal (BdP) desencadeou o processo de renovação da administração da instituição. No entanto, só esta terça-feira é que os novos administradores, bem como os futuros vice-governadores, vão ser ouvidos no Parlamento, audições indispensáveis à sua designação por parte do Governo. Para tal, ainda é necessário que os deputados da comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) elaborem os relatórios descritivos das audições.
Vão começar por ser questionados pelos deputados os candidatos a vice-governadores Elisa Ferreira e Luís Máximo dos Santos, que já integram a administração do Banco de Portugal. Seguem-se Luís Laginha de Sousa e Ana Paula Serra que se estreiam na equipa liderada por Carlos Costa.
A COFMA demorou quase dois meses a agendar as audições dos administradores do supervisor, o que contribuiu para fazer arrastar um processo de renovação que enfrentou dificuldades desde o início. Os primeiros contactos entre o governador e o ministro das Finanças para encontrar uma lista de consenso terão começado ainda em 2016. Mário Centeno vetou vários dos nomes propostos por Carlos Costa e exigiu o aumento da quota feminina no conselho.
A dificuldade de entendimento levou mesmo o governador a retirar a lista proposta às Finanças, no início de Março. E só no final de Abril, Carlos Costa e Centeno chegaram a um acordo. Além da promoção de Elisa Ferreira e Máximo dos Santos, ficaram na lista Laginha de Sousa, nome defendido pelo ministro, e Ana Paula Serra, proposta pelo governador.
De fora ficaram dois directores do BdP: Rui Carvalho, com o pelouro dos mercados, que era a escolha mais desejada por Carlos Costa; e João Cadete de Matos, com o pelouro das estatísticas, nome caro a Centeno e que agora foi apontado pelo Governo para presidente da Anacom, regulador das telecomunicações.
Os perfis da mudança no supervisor
Duas promoções dentro do BdP
Os dois próximos vice-governadores do BdP são próximos do Governo. Elisa Ferreira foi ministra de um Executivo socialista e antes de ir para o supervisor era eurodeputada pelo PS. Já Máximo dos Santos foi colega de António Costa na Faculdade de Direito.
Da bolsa para o Banco de Portugal
Luís Laginha de Sousa foi presidente da Euronext Lisboa durante quase seis anos. De seguida foi convidado pelo Governo para liderar a comissão que avaliou a idoneidade da equipa de António Domingues na CGD, cargo que foi extinto em poucas semanas. Agora vai para o BdP.
Da auditoria para a administração do BdP
Desde 2014 que Ana Paula Serra integra a comissão de auditoria do BdP, que agora vai administrar. Antes, foi vice-presidente da Porto Business School e professora da Faculdade de Economia do Porto. É licenciada em Economia e tem doutoramento em Economia Financeira.
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