Sindicato garante que continuará vigilante no futuro da Azores Airlines
"A Azores Airlines poderá entrar noutro ciclo, numa realidade distinta", diz o sindicato que, alerta, contudo, que a direção e os associados do SNPVAC "não aceitarão pressões e continuarão atentos e críticos".
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O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) afirmou que continuará atento e vigilante para garantir um futuro para a Azores Airlines, garantindo que a direção e os associados "não aceitarão pressões".
Na sexta-feira, o SNPVAC aprovou, em assembleia geral de emergência, a proposta de acordo entre o sindicato e o consórcio Newtour/MS Aviation, que está a negociar a privatização da companhia aérea açoriana Azores Airlines.
Segundo informação enviada à Lusa, votaram "225 associados", dos quais "119 votaram a favor, 92 votaram contra e 14 abstenções", tendo os associados "deliberado aprovar a proposta de acordo entre o SNPVAC e o consórcio Newtour/MS Aviation".
Num comunicado enviado à Lusa, o sindicato afirma que a aprovação do documento, que obteve 52% de votos favoráveis, numa assembleia geral "com uma adesão à votação acima dos 83%", traduz "uma posição factual e não uma mera sensação" e demonstra que, "ao contrário das insinuações e ataques feitos a esta direção, nunca houve obstáculos por pressupostos ideológicos ou bloqueios externos para chegar a um acordo".
"A partir de hoje, a Azores Airlines poderá entrar noutro ciclo, numa realidade distinta. Mas, apesar de toda a indefinição que este processo tem provocado, fica a certeza de que a direção e os associados do SNPVAC não aceitarão pressões e continuarão atentos e críticos, para que haja um futuro para todos, para a empresa, para a população dos Açores, para a diáspora açoriana e para a região", garante o sindicato.
Segundo o SNPVAC, os tripulantes de cabine da Azores Airlines "não fugiram das suas obrigações, aceitaram o desafio e assumiram a sua responsabilidade".
Para a direção do sindicato, o consórcio Newtour/MS Aviation "terá de assumir o erro da carta aberta enviada ao Pessoal de Cabine" e "terá de admitir que a direção do SNPVAC não atua por pressupostos individuais, mas sim com uma real noção do todo, sem nunca deixar de defender os interesses" dos seus associados e "muito menos permitir que fiquem com qualquer tipo de ónus neste processo, que não sabemos como vai prosseguir".
No comunicado aos associados a propósito da assembleia geral, a direção do SNPVAC sustenta também que a leitura da votação "é simples, mas com várias mensagens subjacentes".
"Os associados da Azores Airlines foram claros: demonstraram ao Governo Regional que não aceitam a pressão a que foram sujeitos nos últimos meses, ao contrário do Governo Regional, que nunca conseguiu vincular o consórcio ao compromisso da aquisição de uma percentagem da Azores Airlines", lê-se no comunicado.
O sindicato aponta também para "a falta de confiança" na atual gestão da SATA, assinalando "sucessivos erros de gestão, comunicação e decisão", que "não dá garantias para o futuro da empresa".
Ao mesmo tempo, sublinha que os associados "não passam um cheque em branco ao consórcio e não aceitam pressões nem recados".
O Newtour/MS Aviation, que tem até segunda-feira para apresentar uma proposta pela companhia aérea, considera que a "postura dos dirigentes sindicais, além de condicionada por pressupostos ideológicos, foi de bloqueio a um acordo", apesar de os funcionários terem "manifestado abertura ao compromisso".
Na quinta-feira, o consórcio Newtour/MS Aviation insistiu que só vai apresentar uma proposta pela Azores Airlines se chegar a um entendimento com os trabalhadores, tendo apelado ao pessoal de cabine para compreender que a "responsabilidade exige realismo".
O Newtour/MS Aviation lembra que o diálogo com Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) "decorreu com seriedade e sentido de responsabilidade", culminando com a aprovação da proposta apresentada pelo consórcio.
Segundo o consórcio, a proposta apresentada ao pessoal de cabine "não é igual, nem poderia ser" à dos pilotos, já que cada profissão tem as suas "especificidades", mas apresenta o "mesmo racional".
Em 09 de novembro, o SPAC revelou à agência Lusa que foi aprovado na Assembleia de Empresa da Azores Airlines, com 75% dos votos, o acordo negociado entre a direção do SPAC e o consórcio Newtour/MS Aviation.
A privatização da Azores Airlines (empresa do grupo SATA que opera do arquipélago dos Açores para o exterior) está a ser negociada com o consórcio Newtour/MS Aviation, tendo o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) admitido a possibilidade de uma negociação particular ou o encerramento da companhia, caso não seja possível alcançar um acordo.
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