TAP: Tripulantes de cabine dizem que privatização é "mera vontade política"
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) refere que este caderno de encargos se foca "mais em ser um documento atrativo para possíveis candidatos do que um documento que salvaguarda postos de trabalho, o 'hub' de Lisboa e até os próprios interesses do país".
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O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) criticou esta quarta-feira o caderno de encargos da privatização TAP, aprovado em Conselho de Ministros, na semana passada, defendendo que a venda da companhia aérea é "mera vontade política".
Num comunicado aos associados do SNPVAC, a que a Lusa teve acesso, a direção do sindicato disse que este caderno de encargos se foca "mais em ser um documento atrativo para possíveis candidatos do que um documento que salvaguarda postos de trabalho, o 'hub' de Lisboa e até os próprios interesses do país".
"Infelizmente, o conteúdo não nos surpreendeu, mas tínhamos a esperança de que não fosse feito de forma tão flagrantemente leviana", referiu.
O SNPVAC lembrou que ao longo dos últimos meses tem sido bastante crítico "com a forma como este processo tem sido conduzido e com os seus timings", indicando que não compreende como "se pretende iniciar um processo de privatização a menos de quatro meses do fim do plano de reestruturação que, como todos sabemos, tem estrangulado o crescimento da própria empresa, nomeadamente através do impedimento da aquisição de novas aeronaves, algo que permitiria um aumento da atividade e uma natural valorização".
"Sejamos claros, este processo de privatização é uma mera vontade política, sem qualquer obrigação externa", destacou, indicando que para o SNPVAC "este Governo não dá qualquer garantia de que tenha capacidade de iniciar este processo ou defender os interesses da empresa, dos seus trabalhadores e do país".
O caderno de encargos da privatização da TAP define que só serão consideradas candidaturas de operadores aéreos com receitas superiores a 5.000 milhões de euros, num processo que irá decorrer em quatro fases, segundo um comunicado do Governo, divulgado na sexta-feira.
De acordo com o Governo, o processo de privatização, de até 44,9% da TAP a um investidor de referência e até 5% a trabalhadores da TAP, será conduzido em quatro etapas.
Originalmente estatal, a TAP foi parcialmente privatizada em 2015, mas o processo foi revertido em 2016 pelo governo de António Costa, que retomou 50% da empresa --- uma decisão que gerou críticas devido ao risco financeiro assumido pelo Estado.
No ano passado, o executivo de Luís Montenegro retomou o tema e manifestou intenção de avançar com a alienação de uma participação minoritária em 2025. Desde então, têm decorrido negociações com grandes grupos europeus como a Air France-KLM, Lufthansa e IAG.
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