Um quarto das empresas assume “risco de insolvência ou perda de reputação”
Perante um cenário de insolvência iminente, as empresas preferem atrasar o pagamento aos fornecedores e desinvestir do que despedir trabalhadores e falhar os compromissos com o Fisco, aponta um estudo apresentado esta terça-feira.
Mais de uma em cada quatro empresas (26,8%) assumia no segundo semestre de 2012 estar numa “situação de risco no que diz respeito, por exemplo, a insolvência ou perda de reputação”, sendo, em média, os gestores de empresas de menor dimensão os mais pessimistas relativamente aos impactos da actual conjuntura na sobrevivência dos seus negócios.
Esta é uma das conclusões de um estudo sobre riscos realizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), em colaboração com a F. Rêgo – Correctores de Seguros e a Hiscox – Seguros Especializados, no qual 18,1% dos empresários assumiu a intenção de efectuar despedimentos, mesmo que essa seja tenha sido apontada como “a medida de última instância a que recorreria perante um cenário de insolvência iminente”.
A análise aos resultados de um inquérito a que responderam 888 empresas (num total de 25 mil contactos por correio electrónico) mostra que atrasar o pagamento dos impostos é outra das medidas de último recurso para os empresários em dificuldades, que preferem antes atrasar o pagamento aos fornecedores, desinvestir e demorar mais tempo a regularizar os salários.
Questionados sobre a envolvente empresarial, os inquiridos classificaram o funcionamento da Justiça como o factor mais negativo – 90% atribuiu uma classificação máxima de 2, numa escala de 1 (muito mau funcionamento) a 5 (muito bom funcionamento) –, seguido de perto pelos prazos de pagamento pelas entidades públicas, que mereceram o “chumbo” de 75% dos que responderam ao inquérito.
Apesar disso, o estudo divulgado esta manhã na Fundação AEP, no Porto, revela que os empresários reconhecem também debilidades na sua própria actuação. “Desde logo, chamam a atenção para a reduzida dimensão das empresas, com o consequente impacto em termos de economia de escala e de massa crítica para enfrentar, com sucesso, o mercado internacional”, lê-se no sumário executivo, reforçando que “os próprios empresários afirmam a necessidade de uma maior cooperação entre as empresas (que pode traduzir-se em parcerias, fusões ou alianças estratégicas) que leve a uma efectiva conjugação de esforços e de recursos”.
A falta de profissionalismo na gestão é outro “mea culpa” realizado pelos líderes empresariais que participaram neste estudo, no qual reconhecem a necessidade de melhorar a sua capacidade de gestão e defendem que deve ser implementada uma “atitude profissionalizada” na gestão das PME. Uma gestão rigorosa e responsável, assente em equipas e estruturas de trabalhadores com “forte espírito de resistência” e “valências” que lhes permitam enfrentar o futuro, sustenta o mesmo documento.
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