Consumo de eletricidade em Portugal dispara para máximo histórico no acumulado até setembro

O consumo de eletricidade em Portugal manteve a trajetória de crescimento em setembro, com uma variação homóloga de 2,2% (1,4% ajustada à temperatura e dias úteis), prolongando a tendência positiva verificada desde o início do ano, segundo dados da REN-Redes Energéticas Nacionais.  No acumulado, entre janeiro e setembro, a procura atingiu 39,2 TWh, o valor mais elevado de sempre no sistema elétrico nacional para este período, superando em 0,8% o anterior máximo, registado em 2010. Face ao mesmo período de 2024, o crescimento é de 2,6% (2,0% corrigido da temperatura e dias úteis).

As energias renováveis foram responsáveis por 70% do abastecimento elétrico nos primeiros nove meses do ano, com maior expressão da produção hidroelétrica (28%), seguida da eólica (24%), da solar (13%) — que registou um aumento de 25% face a 2024 — e da biomassa (5%). Já a produção a gás natural representou 14% do consumo total, enquanto os restantes 16% foram assegurados por importações. Os índices médios de produtibilidade situaram-se em 1,38 para a hidroelétrica, 1,02 para a eólica e 0,89 para a solar.

Segundo a REN, a produção eólica beneficiou em Setembro de condições excecionais, alcançando um índice de 1,37, enquanto a solar ficou abaixo da média (0,95) e a hidroelétrica registou valores próximos da normalidade sazonal, embora com menor peso no mix energético por se tratar de um mês de Verão. Nesse mês, as renováveis abasteceram 57% do consumo, a produção não renovável 17%, e as importações aumentaram para 26%.

No mercado de gás natural, o consumo subiu 18% em setembro face ao mesmo mês do ano anterior, impulsionado pelo segmento de produção elétrica, que mais do que duplicou. Em contrapartida, o consumo convencional, que abrange os restantes consumidores, registou uma queda de 3,4%. No acumulado até setembro, o mercado registou uma variação homóloga de 13%, resultado de um aumento de 132% no segmento de produção elétrica e de uma redução de 8% no segmento convencional.

O abastecimento nacional de gás natural em setembro foi garantido exclusivamente a partir do terminal de GNL de Sines, enquanto a interligação com Espanha voltou a apresentar um saldo exportador, equivalente a cerca de 7% do consumo nacional. No conjunto dos primeiros nove meses, o sistema português tem sido praticamente abastecido em exclusivo por Sines, com origem maioritariamente na Nigéria (49%) e nos Estados Unidos (39%), confirmando a forte dependência destas duas geografias.