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COP30 arranca na Amazónia com apelo à ação global e criação de um Conselho Mundial do Clima

Presidente do Brasil defende que a conferência marca o início da “COP da Verdade e da Implementação” e propõe nova estrutura na ONU para coordenar políticas climáticas.

Lula olha para cima na COP30 em Belém, Pará
Lula olha para cima na COP30 em Belém, Pará Sebastiao Moreira/EPA
21:14

A 30.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) começou oficialmente esta segunda-feira, 10 de novembro, em Belém do Pará, no coração da Amazónia, com um forte apelo à transformação dos compromissos climáticos em resultados concretos. Pela primeira vez, a principal cimeira mundial sobre o clima decorre na região que simboliza simultaneamente a urgência e a esperança do planeta.

Na cerimónia de abertura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que levar a COP30 para Belém foi “uma decisão política e simbólica”, destinada a mostrar que a Amazónia “é parte essencial da solução climática, e não apenas um tema de debate”. O chefe de Estado sublinhou que o bioma mais diverso do mundo “é lar de quase 50 milhões de pessoas e 400 povos indígenas”, defendendo que a conferência deixe “um legado de ação e investimento” para a região.

“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro, é uma tragédia do presente”, alertou Lula, recordando as cheias  no Sul do Brasil e o furacão Melissa, nas Caraíbas. “Vivemos uma era em que os obscurantistas rejeitam as evidências científicas e atacam as instituições. É hora de impor uma nova derrota ao negacionismo”.

O presidente brasileiro apontou três eixos estratégicos para a conferência: cumprir os compromissos já assumidos, fortalecer a governança global e colocar as pessoas no centro das decisões climáticas. Entre as propostas, defendeu a criação de um Conselho Global do Clima sob a égide da Assembleia-Geral das Nações Unidas, de forma a garantir “instituições à altura da crise” e uma coordenação política mais eficaz.

Lula reafirmou que a COP30 deve ser “a COP da Verdade e da Implementação”, marcada pela transformação de promessas em medidas efetivas. “Estamos a andar na direção certa, mas na velocidade errada”, disse, reiterando que a década atual tem de ser “a década da execução”.

O presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago, reforçou a ideia de que a COP30 representa um ponto de viragem para o processo climático global. “Esta COP precisa ser lembrada como a COP da ação — uma conferência que transforma compromissos em resultados”, afirmou.

“É o momento de integrar clima, economia e desenvolvimento, criando empregos, reduzindo desigualdades e fortalecendo a confiança entre as nações”, sublinhou Corrêa do Lago, acrescentando que a conferência “é fruto de um mutirão”, expressão brasileira que “simboliza a essência desta COP: trabalhar juntos”.

Também o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas para o Clima, Simon Stiell, destacou o papel central da COP30 como “ponto de inflexão” no esforço global para conter o aquecimento do planeta. “Estamos na foz do maior rio do mundo, e o que ele nos ensina é que grandes resultados vêm da convergência de muitos fluxos. A economia da transição é inegável: as renováveis já superaram o carvão como principal fonte de energia global. Agora é hora de transformar ambição em ação concreta”, afirmou.

Com quase duas centenas de delegações presentes, a COP30 decorre entre 10 e 21 de novembro e marca o início da década de implementação do Acordo de Paris, com os líderes globais a prometerem transformar compromissos em ações concretas e fortalecer a cooperação internacional pelo clima.

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