"Vamos investir mais de 20 milhões nos próximos dois anos", diz António Esteves
Plano prevê intervenções nas fábricas da Iberol e da Biovegetal para acelerar a produção de biodiesel e também a aposta num "hub" logístico para a armazenagem de matérias-primas como cereais.
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Com o objetivo claro de fazer nascer um "campeão" no setor dos combustíveis em Portugal, a Fortitude e a Reagro pretendem, com a aquisição da Iberol e da Biovegetal, lançar as sementes aos "ventos favoráveis" que sopram da União Europeia (UE), enquanto exploram a pérola que representam do ponto de vista logístico, por força das infraestruturas e acessos "estratégicos" das duas empresas, localizadas em Alhandra, em Vila Franca de Xira.
"Vamos investir mais de 20 milhões de euros nos próximos dois anos", revela o fundador e CEO da Fortitude Capital, António Esteves, ao Negócios, dando conta de um "plano ambicioso de crescimento" do qual espera colher frutos a avaliar pelo clima. "O setor dos biocombustíveis apresenta ventos muito favoráveis do ponto de vista regulatório. Há diretivas muito claras de parte da União Europeia relativamente ao seu uso e, portanto, só isso faz-nos antecipar um sucesso nas operações da Iberol/Biovegetal para os próximos anos", diz António Esteves, prevendo que "continue a haver uma forte procura e uma tendência de subida dos preços".
As atividades da Iberol e da Biovegetal complementam-se: a primeira dedica-se ao "crushing" de sementes, gerando farinhas proteicas e óleos vegetais que, por sua vez, a segunda refina para fazer biodiesel. Contudo, nos últimos tempos, as duas fábricas trabalhavam muito abaixo da capacidade produtiva, por falta de investimento num negócio de volumes, um cenário que os novos donos pretendem então inverter. Assim, à luz do plano, "em velocidade cruzeiro", ou seja, dentro de dois anos, a Iberol deve passar a fazer "crushing" de 300 mil toneladas de sementes por ano (contra 180 mil em 2024) e a Biovegetal estará a produzir 82 mil toneladas de biodiesel (contra 60 mil em 2024) na refinaria, a qual vai absorver grande parte do investimento inicial. Metas ainda assim descritas como "conservadoras", atendendo a que representam menos de 90% da capacidade produtiva em ambos os casos.
Um "polo logístico"
Estas duas empresas têm uma relação histórica com a Reagro - "trader" de cereais da família Relvas e Matos Anjinho - que foi quem abriu o apetite da sociedade de capital de risco e que, agora, com a dupla compra dá um passo de verticalização do negócio, comprando, na prática, um cliente para o qual fornecia (a Iberol), com o qual tem pelo menos um contrato de "tooling" para a laboração de grão de soja. Essa vertente de mercado também não fica esquecida - pelo contrário. Outro "ponto forte" do plano de investimento passa pela ambição de vir dar vida a um "hub" logístico, adianta António Esteves. Como? A ideia é aproveitar terrenos/armazéns da Iberol/Biovegetal, atualmente devolutos, para desenvolver silos para armazenamento de matéria-prima, como sementes ou cereais, com uma capacidade de 640 mil toneladas de rotação por ano, criando uma espécie de Silopor (hoje Silotagus).
A Iberol detém a concessão para uso privativo do Terminal de Granéis Alimentares de Alhandra, com capacidade para movimentar oleaginosas, dotado de capacidade de armazenagem, conectado com uma unidade de extração de sementes, o qual receciona, por via fluvial, os produtos agroalimentares a partir do terminal da Trafaria, para a transformação na sua unidade extrativa, dispondo depois de condições para o escoamento, com acessibilidades rodoviárias (acesso à EN10 com ligação à A1) ferroviárias (ramal ferroviário com acesso à linha do norte) e marítimas (cala das barcas).
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