Camac não paga a credores, mas diz que vai entrar em projecto de 250 milhões
A única fabricante de pneus de capital português continua a rolar, apesar do acumular de prejuízos, do incumprimento do plano de reembolso dos credores e das promessas falhadas dos gestores. Desde que a fábrica de Santo Tirso reabriu, em Março de 2010, a empresa tem vivido sempre em depressão financeira e comercial.
PUB
Ainda em Agosto passado, o presidente da Camac garantia ao Negócios que esta iria, finalmente, chegar ao "break even" em 2017. Na realidade, fechou o último exercício novamente no "vermelho", com prejuízos próximos de um milhão de euros. E a facturação, apesar de ter subido meio milhão, ficou-se por uns magros 2,7 milhões de euros, dos quais "80% são exportações".
PUB
Presidente da Camac
PUB
Resultado: em incumprimento total do plano de reembolso acordado com os credores, em sede de um Processo Especial de Revitalização (PER) apresentado em 2015, a Camac acaba de apresentar um segundo PER. Desta vez, a dívida já atinge os 17,9 milhões de euros, dos quais "cerca de seis milhões" são relativos a créditos reclamados por actuais e antigos trabalhadores, que a empresa não reconhece. A última palavra cabe ao juiz do processo, que ainda não se pronunciou.
Entretanto, a empresa conseguiu arregimentar uma série de credores num acordo que prevê que só começará a reembolsar no final do terceiro exercício consecutivo com EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) positivo. E que apenas 50% desse resultado é que será afectado à amortização do passivo. "Isto significa que, na prática, não vai pagar nada aos credores", reagiu fonte conhecedora do processo.
Qual é a posição do Estado sobre a Camac? Afinal, além de deter 37,5% do capital da empresa, tendo lá injectado quatro milhões de euros em 2010, é também o seu maior credor, tendo a haver mais de cinco milhões de euros. "A situação da Camac é muito difícil. Continuamos a acompanhar a situação com preocupação", afirmou, ao Negócios, fonte oficial do IAPMEI, que gere o Fundo para a Revitalização e Modernização do Tecido Empresarial (FRME), o sócio estatal dos empresários e irmãos Jorge e Fernando Rodrigues.
PUB
Como aconteceu no Verão passado, Jorge Rodrigues volta a garantir um futuro radioso para a empresa. "É uma nova Camac. Este ano já vamos ter lucros e facturar, ‘a brincar’, cinco milhões de euros, tendo conseguido dois contratos que vão gerar seis milhões anuais. E, de certeza absoluta, vamos conseguir reembolsar os credores", afiançou o empresário ao Negócios.
E subiu a fasquia, sem detalhar: "Vamos transformar a Camac numa multinacional. Através de uma parceria com um grande grupo mundial, iremos instalar uma fábrica noutro país, num investimento de 250 milhões de euros", contou. O IAPMEI irá saber "quando estiver tudo ‘preto no branco’".
PUB
Mais lidas
O Negócios recomenda