Camac não paga a credores, mas diz que vai entrar em projecto de 250 milhões

Sem conseguir cumprir o plano de reembolso prometido aos credores, a empresa está novamente em PER, com dívidas de 17,9 milhões de euros. Mas o líder da fabricante de pneus promete que “há uma nova Camac” em curso.
Paulo Duarte/Negócios
Rui Neves 25 de Março de 2018 às 22:00

A única fabricante de pneus de capital português continua a rolar, apesar do acumular de prejuízos, do incumprimento do plano de reembolso dos credores e das promessas falhadas dos gestores. Desde que a fábrica de Santo Tirso reabriu, em Março de 2010, a empresa tem vivido sempre em depressão financeira e comercial.

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Ainda em Agosto passado, o presidente da Camac garantia ao Negócios que esta iria, finalmente, chegar ao "break even" em 2017. Na realidade, fechou o último exercício novamente no "vermelho", com prejuízos próximos de um milhão de euros. E a facturação, apesar de ter subido meio milhão, ficou-se por uns magros 2,7 milhões de euros, dos quais "80% são exportações".

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Presidente da Camac

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Resultado: em incumprimento total do plano de reembolso acordado com os credores, em sede de um Processo Especial de Revitalização (PER) apresentado em 2015, a Camac acaba de apresentar um segundo PER. Desta vez, a dívida já atinge os 17,9 milhões de euros,  dos quais "cerca de seis milhões" são relativos a créditos reclamados por actuais e antigos trabalhadores, que a empresa não reconhece. A última palavra cabe ao juiz do processo, que ainda não se pronunciou.

Entretanto, a empresa conseguiu arregimentar uma série de credores num acordo que prevê que só começará a reembolsar no final do terceiro exercício consecutivo com  EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) positivo. E que apenas 50% desse resultado é que será afectado à amortização do passivo. "Isto significa que, na prática, não vai pagar nada aos credores", reagiu fonte conhecedora do processo.

Qual é a posição do Estado sobre a Camac? Afinal, além de deter 37,5% do capital da empresa, tendo lá injectado quatro milhões de euros em 2010, é também o seu maior credor, tendo a haver mais de cinco milhões de euros. "A situação da Camac é muito difícil. Continuamos a acompanhar a situação com preocupação", afirmou, ao Negócios, fonte oficial do IAPMEI, que gere o Fundo para a Revitalização e Modernização do Tecido Empresarial (FRME), o sócio estatal dos empresários e irmãos Jorge e Fernando Rodrigues.

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Como aconteceu no Verão passado, Jorge Rodrigues volta a garantir um futuro radioso para a empresa. "É uma nova Camac. Este ano já vamos ter lucros e facturar, ‘a brincar’, cinco milhões de euros, tendo conseguido dois contratos que vão gerar seis milhões anuais. E, de certeza absoluta, vamos conseguir reembolsar os credores", afiançou o empresário ao Negócios.

E subiu a fasquia, sem detalhar: "Vamos transformar a Camac numa multinacional. Através de uma parceria com um grande grupo mundial, iremos instalar uma fábrica noutro país, num investimento de 250 milhões de euros", contou. O IAPMEI irá saber "quando estiver tudo ‘preto  no branco’".

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