Madrid abre caminho à Bondalti para avançar com OPA sobre a Ercros
Ministério da Economia espanhol decidiu não remeter a operação a Conselho de Ministros, deixando assim caminho livre para a empresa portuguesa avançar com a OPA sobre a Ercros, anunciada há mais de um ano.
A Comissão Nacional de Mercados e Concorrência (CNMC) de Espanha confirmou a autorização da oferta pública de aquisição (OPA) da portuguesa Bondalti Ibérica pelo grupo químico espanhol Ercros, depois de o ministro da Economia, Comércio e Negócios espanhol, Carlos Cuerpo, não ter considerado necessário submeter a operação a Conselho de Ministros.
Em comunicado, publicado no site da Ercros, a Bondalti Ibérica informa a Comissão Nacional do Mercado de Valores Mobiliários (CNMV) que a resolução da CNMC que autoriza a concentração resultante da oferta pelos 100% das ações da Ercros "tornou-se definitiva e efetiva".
Após o aval da concorrência espanhola, ainda que "sujeito a compromissos", descritos anteriormente pela empresa do Grupo José de Mello como "exigentes", após "um longo e complexo processo", o Ministério da Economia espanhol dispunha de 15 dias úteis para decidir se remetia ou não a operação a Conselho de Ministros. E, conforme agora anunciado, decidiu não o fazer.
A oferta feita pela Bondalti é de 3,505 euros em dinheiro por cada ação da Ercros, o que representa um prémio de 40,6% (incluindo dividendos distribuídos) sobre o preço de negociação no fecho do mercado no dia anterior ao anúncio da oferta pública de aquisição (2,56 euros em 5 de março de 2024) e 39,3% sobre o preço médio ponderado pelo volume do último mês (2,52 euros).
Feitas as contas, a oferta avalia o grupo espanhol, que é especializado na produção e venda de produtos químicos, em aproximadamente 320 milhões de euros.
A OPA, lançada em março de 2024, "está condicionada à aceitação de 75% do capital, o que permitirá uma integração efetiva", sendo o objetivo da Bondalti, uma vez concluída a operação, "promover a exclusão das ações da Ercros da Bolsa de Valores".
A Bondalti Ibérica ficou sozinha na corrida pela química com sede em Barcelona depois de, no verão, os italianos da Esseco terem desistido da OPA que lançaram posteriormente em que se dispunham a pagar 3,84 euros por cada título (ou seja, mais 6,7% do que a empresa portuguesa). Os italianos revelaram que deixaram de ter interesse no negócio face aos "remédios" após analisar as condições impostas pela autoridade da concorrência espanhola para dar "luz verde" à operação.
Os acionistas da Ercros consideraram, no entanto, que tanto a OPA da Bondalti como a da contra-proposta italiana, subestimavam o valor da empresa.
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